O centenário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi comemorado com uma sessão solene, na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (3). Representando os rondonienses, o líder regional do PSD, deputado federal Moreira Mendes, em seu discurso relembrou do histórico da construção da ferrovia no estado e lamentou por todos que perderam a vida durante a obra. Moreira cumprimentou, também, o governador do estado, Confúcio Moura, que estava no evento.
“Cumprimento em especial toda a comunidade de Rondônia e faço uma singela homenagem aos milhares de trabalhadores que perderam a vida na construção da ferrovia, bravos homens, que trabalharam na obra e merecem esse registro. Agradeço em especial, a participação do governador Confúcio Moura, raríssimos os governadores que comparecem a eventos como esse, isto demonstra o apreço e o acarinho que ele tem pela cultura e a história de nossa Rondônia”, lembrou Moreira Mendes.
Segundo o parlamentar a história da ferrovia tem um significado especial, pois a capital do estado – Porto Velho – nasceu com a construção da estrada Madeira-Mamoré, e ele lamentou o abandando em que se encontra a ferrovia. “Esta obra foi muito desacredita no começo, após várias tentativas fracassadas. Em julho de 1972 – eu já estava em Rondônia – quando as máquinas apitaram pela última vez, o abandono foi total. Em 1979 o acervo começou a ser vendido como sucata para a Siderúrgica de Mogi das Cruzes, em São Paulo, que tristeza ver tudo isso acontecendo”, lamentou Moreira.
Em seu discurso, Moreira lembrou que a ferrovia desde 1991 foi tombada como patrimônio histórico. O parlamentar aproveitou para fazer uma crítica em relação ao estado deplorável que se encontra a estrada.
“O Ministério da Cultura homologou o tombamento da estrada de ferro e quero deixar aqui a minha crítica ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que tem uma visão extremamente conservadora com o patrimônio histórico do País, não tendo uma visão econômica deixando degradar o acervo da ferrovia. Preservar é manter aberta e economicamente viável aos visitantes de hoje, para os que do amanhã também tenham acesso ao acervo. Assim que se faz em países desenvolvidos”, salientou Moreira Mendes.
Moreira aproveitou, também, para sugerir que a transferência do acervo passe aos cuidados do governo do estado, e criticou governadores anteriores por não valorizar a cultura local. Lembrando-se da obra publicada pelo governo do estado de São Paulo, com fotografias da estrada de ferro.
“Se o acervo fosse transferido para o estado de Rondônia estaria muito mais bem cuidado. Recebi um livro – do meu amigo Marco Antonio Moura de Castro, a quem quero agradecer – que conta um pouco da história da estrada de ferro, uma publicação do governo do estado de São Paulo datado de 1993. Quando o fotógrafo americano, Danna Merill, tirou mais de três mil fotografias e esse acervo ficou nas mãos de um jornalista do Rio de Janeiro, que tentou vender várias vezes para o governo passado de Rondônia, mas não conseguiu. O BNDS adquiriu essa exposição, que a meu ver, pertence ao povo de Rondônia. Essa mostra foi doada ao Museu Paulista, na época foi vendido por 50 mil reais – ao preço de hoje – , é lamentável que os governadores da época não tiveram a sensibilidade para adquirir esse acervo”, criticou Moreira Mendes.
Para finalizar, Moreira Mendes parabenizou a todos que fazem um esforço para manter viva a memória da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. “A nossa estrada de ferro faz parte da nossa história e fico feliz como representante do povo de Rondônia e do meu partido de poder participar desse evento”, agradeceu.
Luciana Andrade
Assessora de Imprensa