Crise do leite – Me permitam dizer que, apesar do destaque que se dá ao assunto, nem tudo gira em torno da crise política no Brasil… Abro a coluna, hoje, conversando com vocês sobre uma outra crise – a que está mobilizando a cadeia produtiva do leite, sem dúvida, um dos setores mais importantes do país, não apenas pelo impacto na economia, mas, acima de tudo, pelo que representa socialmente.
Pedido de socorro – Incomodados com os baixos preços recebidos pelo produto nos últimos meses – que, por sua vez, são pressionados para baixo em razão da importação de leite mais barato do Uruguai; enfrentando uma alta carga tributária – que chega aos 40%; sem incentivos, entre outros problemas, os produtores gritam por socorro.
Matemática – Em Minas Gerais, o litro do leite está prestes a atingir menos de R$ 1, quando o custo de produção chega até a R$1,55 – o que dispensa qualquer comentário. Não bastasse isso, existe a suspeita de que o leite do Uruguai estaria sendo hidratado no Nordeste e colocado no mercado, com baixa qualidade.
Verificações – Foi uma ótima medida do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, suspender a importação de leite do Uruguai, até que aquele país comprove que 100% do leite importado pelo Brasil é de origem conhecida, ou seja, até que a qualidade do produto seja averiguada.
Parte do problema – Ao lado da Frente Parlamentar da Agropecuária – que tive a honra de presidir -, e de outras entidades ligadas à cadeia produtiva do leite, venho defendendo ações rigorosas a respeito deste assunto, inclusive a suspensão da importação do Uruguai, mas isso não cobre 100% as reivindicações do setor.
Frente a frente – Em meio às manifestações e protestos dos produtores, consegui articular que o ministro Blairo Maggi participe dia 16/10, segunda-feira, a partir das 9h30, de reunião com os produtores de leite do Triângulo Mineiro, no Parque de Exposições da cidade de Prata.
Retorno – É importante que ele ouça os produtores, que tenha a noção exata do que está acontecendo e que se posicione sobre o assunto, inclusive no sentido de dizer o que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento pode fazer para amenizar a crise.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Freitas, também confirmou presença no encontro/manifestação que acontece no Prata.
Descontentamento – E vale ressaltar: de acordo com a OCB, o Brasil foi destino de 86% do leite uruguaio em pó desnatado e 72% do integral, em 2017. Nos primeiros seis meses deste ano, já foram importadas 41.811 toneladas de leite em pó do país. A tarifa zero em vigor e a ausência de uma negociação de cota, são criticadas pelos produtores brasileiros.
Emprego e renda – Aproveito para lembrar que, segundo os números divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em junho de 2017, a expansão de postos de trabalho teve saldo positivo maior na agropecuária. Os estados que mais empregaram foram Minas Gerais, Mato Grosso e Pernambuco. O leite representa 24% do valor bruto da produção (VBP) da pecuária, perdendo apenas para a carne bovina. E não é só isso. Mais de 90 produtos têm o leite ou a proteína do leite na sua composição. O restante – mais de 24 bilhões de litros, é consumido na forma de leite fluido ou de seus derivados, tipo os queijos por exemplo.
SOCIALMENTE FALANDO – Cerca de 50% do leite produzido no Brasil vem das pequenas fazendas. Leite é o segmento que mais dá empregos no país, onde cerca de 4,5 milhões de pessoas trabalham no campo e/ou nas indústrias de laticínios. E para 1,5 milhão de produtores o leite é o único salário do mês. Além disso, uma crise no setor impacta direto nas casas dos brasileiros comuns, onde o leite é um dos principais alimentos à mesa das famílias.
Crise política – Sobre a crise política, tudo indica que a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara vai votar, nesta próxima semana, o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB/MG) sobre a denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB). Independentemente do resultado na CCJ, o parecer será votado em plenário – a quem caberá decidir se autoriza ou não a abertura de processo no Supremo Tribunal Federal.
Um abraço e até a semana que vem.