Na sociedade moderna, onde a pressão por causa do emprego ou pela falta dele está na veia de todo cidadão, as atividades culturais, artísticas, esportes e lazer tornaram-se fundamentais. Como a maioria não pode pagar por eles, cabe ao poder público oferecer opções gratuitas ou de baixo custo. E para todas as idades. São bem mais tranquilas e disciplinadas as crianças que tocam um instrumento musical, participam de um grupo de teatro, enfim, têm acesso aos bens culturais ou praticam algum esporte. Certamente, serão adultos mais sensíveis, equilibrados, produtivos e conscientes.
Sob essa ótica, a última semana começou com uma iniciativa promissora: a presidente Dilma sancionou o Estatuto da Juventude, que estabelece direitos para jovens entre 15 e 29 anos. É o caso da meia-entrada em eventos culturais e esportivos para jovens de baixa renda e estudantes. Estes últimos já têm o benefício. A novidade é a concessão para jovens com renda familiar de até dois salários mínimos, mesmo que estejam fora da escola. Porém, o benefício vem com um limite de 40% do total de ingressos disponíveis para cada evento. Copa do Mundo e Olimpíadas estão fora das novas regras.
O limite de 40% guarda a perspectiva de barateamento de preços dos eventos. Produtores culturais e artistas dizem que a reserva de ingressos torna a receita dos espetáculos mais previsível, possibilitando valores menores. Nossa torcida (e cobrança) é para que a projeção se cumpra, facilitando o acesso de gente de todas as faixas etárias ao universo de bens culturais.
Quando se fala em cultura não pode haver preconceitos. Enquanto prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, criamos oficinas culturais de rap, hip hop e dança de rua. A arte é plural. Entre os projetos de maior expressão, destacam-se “Coral Canarinhos do Itapety”, “Orquestra Sinfônica Jovem Minha Terra Mogi” e Banda Boigy, envolvendo centenas de crianças que, por meio da música, criaram a perspectiva de um futuro melhor. Idealizamos também a inédita Sala de Música na Escola Municipal Professor Mário Portes, em Jundiapeba. Os alunos formaram a Banda Sinfônica que coleciona prêmios em competições no Estado.
Ainda no Estatuto da Juventude, embora tenha vetado a meia passagem para os estudantes em ônibus interestaduais, o governo manteve a exigência de quatro assentos preferenciais para jovens de baixa renda. Tanto este benefício quanto o da meia-entrada para a juventude carente em eventos dependem de regulamentação, pelo Congresso, para entrarem em vigor. Da minha parte, concentrarei esforços para acelerar tanto quanto possível a tramitação dos processos.
*Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP