Não existe uma única cidade brasileira sem plantação de banana. Se a família tem um pedaço de chão, lá está a bananeira. Ao todo, são 550 mil hectares de área plantada e produção anual de 6,97 milhões de toneladas, que fazem do Brasil o quarto maior produtor do mundo. Os mais de 500 mil bananicultores garantem o abastecimento do mercado interno e ainda exportam.
Sim, nós temos bananas. Então, por quê o governo brasileiro quer importar a fruta do Equador? Não pode ser política de boa vizinhança (com o nome de chique de fortalecimento da relação bilateral). Então, que estratégia míope incentiva a cortesia com estrangeiros, às custas do extermínio da cadeia produtiva da bananicultura?
A banana do Equador é produzida com fartos subsídios de organizações norte-americanas. Quase todo o custo de produção fica a cargo do Tesouro norte-americano. A entrada do produto estrangeiro no mercado nacional aumentará muito a oferta de banana. Resultado: o preço desaba.
Parece bom para o consumidor. Mas, será bom para o nosso país? Sem retorno financeiro para bancar sua produção e vítima do Custo Brasil, o bananicultor brasileiro não sobreviverá à competição. E, junto com ele, estará quebrada a cadeia produtiva da banana.
A ameaça repete o episódio de importações predatórias de produtos lácteos que quase detonaram o setor leiteiro. Sem precisar de leite estrangeiro, o governo escancarou as portas para países onde a agropecuária é subsidiada. A lição não foi aprendida. Agora, é a banana, cultivada por uma maioria de bananicultores familiares, de míni ou pequeno portes. Se atingidos por catástrofe desse gênero, vão desaparecer.
No Estado de São Paulo, fica a Região do Vale do Ribeira, que sobrevive da bananicultura. Se vier a banana equatoriana, além do fim da atividade, as cidades perderão a base da sua economia. Não terão recursos para saúde, educação, para nada.
A desmobilização da bananicultura no Vale do Ribeira, o maior produtor nacional de bananas, implica, de cara, o desemprego de aproximadamente 60 mil pessoas, entre produtores e trabalhadores rurais. Tenho feito sucessivos apelos ao governo. Atendendo meu pedido, como presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros (Pró-Horti) e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) na Região Sudeste, o ministro da Agricultura, Neri Geller, brecou as importações, baseado nos riscos fitossanitários. Nada será liberado até que a categoria seja consultada. Vamos parar de fazer cortesia arrancando o ganha-pão dos brasileiros. O Brasil, em primeiro lugar.
*Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP