Mais de 525 mil crianças e 140 mil adolescentes sofrem de obesidade mórbida no Brasil, por conta de maus hábitos alimentares em casa e na escola. O desenvolvimento de uma dieta balanceada não exige grande sacrifício. É ideal ingerir, no mínimo, 400 gramas de alimentos saudáveis por dia e, aos poucos, chegar a 600 gramas diários. Parece muito? Corresponde a um copo de salada de frutas, uma maçã, uma banana ou meio prato grande de salada por dia.
A reformulação da dieta alimentar do brasileiro para incluir no cardápio mais hortaliças e frutas trará resultados diretos para a saúde pública. Doenças que causam a grande procura por atendimento médico poderiam ser evitadas com alimentação adequada. O baixo consumo de alimentos de alto valor nutritivo, baratos e produzidos em farto volume no País contrasta com a realidade nacional onde a subnutrição ainda faz vítimas.
Na semana em que comemoramos o segundo ano de existência da Pró-Horti (Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros) que presido, importantes autoridades do setor agrícola no País endossaram minha manifestação pela necessidade de ampliar o consumo de hortaliças e frutas para desenvolver na população o hábito da alimentação saudável, capaz de prevenir doenças, reduzindo a demanda por atendimentos no caótico sistema público de saúde.
Tive a honra de ouvir de lideranças como o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Hortaliças (Embrapa), Warley Marcos Nascimento, que, pela primeira vez, o Congresso tem um parlamentar conhecedor da horticultura. Minha experiência, contudo, só fará sentido se conseguir convencer os demais congressistas e o governo sobre a importância da adoção de políticas públicas dirigidas a esta categoria do agronegócio, voltada ao mercado interno, exponencial na nossa Região do Alto Tietê, e capaz de propiciar tantos benefícios à saúde da população.
Cada brasileiro consome, por ano, 27 quilos de hortaliças e 57 quilos de frutas. Significa uma quantidade de verduras e legumes seis vezes menor do que aquela ingerida anualmente pelos italianos (158 kg) e apenas um quarto do consumo anual de frutas registrado pelo canadense (223 kg). O hábito alimentar começa na infância e esse costume não é formado apenas em casa. A escola tem papel fundamental no processo. Muitas prefeituras procuram inserir, cada vez mais, alimentos saudáveis na merenda escolar. Reforçamos isto, enquanto prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Não basta. É preciso consciência geral, com ações efetivas dos governos, o apoio do setor produtivo e o cuidado dos pais.
*Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP