Junji Abe: Polícia Federal sob ameaça

A Polícia Federal é de longe a principal instituição pública a investigar e flagrar atos de corrupção no país. O trabalho vai além de coibir as falcatruas de políticos e outros agentes públicos para reprimir os desvios de conduta na sociedade civil. Evidente que nem todos os criminosos acabam na cadeia. Até porque ainda existe muita impunidade. De toda forma, a firme atuação da PF é indispensável no Brasil que desejamos melhorar.

A movimentação registrada em Brasília, na última semana, desnudou o risco de que nossa Polícia Federal corre o risco de desaparecer. Desvalorizada, mal equipada e não reconhecida como deveria, a PF, assim como as demais corporações ligadas à segurança pública, sofre de um câncer que consome pouco a pouco o fôlego que lhe resta.

A cada ano, cerca de 200 policiais federais treinados deixam a instituição para ocupar vagas públicas mais atraentes que lhes oferecem chances de ascensão, segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais.  Não existe plano de carreira na PF. Embora a categoria tenha adquirido caráter de nível superior em 1996, profissionais experientes não ascendem, não assumem cargos de chefia e nem têm oportunidade de passar adiante suas vivências.

Nas melhores polícias do mundo, como o norte-americano FBI, a competência e a experiência são os critérios para indicação dos cargos de chefia. Aqui, profissionais dotados de extenso currículo exemplar acabam comandados por recém-empossados, desprovidos de qualquer vivência.

O diretor-geral substituto da Polícia Federal, Paulo de Tarso, de quem também fui cobrar a implantação de um posto da PF para Mogi, apontou o déficit de pessoal como principal entrave para atendimento ao pedido. Em maio do ano passado, a Polícia Federal já tinha 2,5 mil profissionais a menos.

A instituição deveria ter, em média, 14,7 mil. Porém, contava com 11,2 mil, estando 1,4 mil prestes a se aposentar. Sem contar as 200 baixas anuais. Outra evidência indiscutível da desatenção do governo com a instituição é o ritmo de formação de policiais. A academia da PF só comporta 600 alunos por semestre.

O avanço das ações para responder à justa cobrança popular pelo potente combate à corrupção e à impunidade passa, sim, pela reformulação da PF. Por isto, ingressei na Frente Parlamentar Mista em Apoio à Reestruturação da Polícia Federal. Ao lado de outros 281 integrantes do colegiado, havemos de debater com profundidade as necessidades da instituição e encontrar soluções para resguardar a qualidade dos serviços prestados à população brasileira.

* Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP

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