Uma família de renda modesta passa quase a vida toda pagando aluguel. Daí, surge a oportunidade de ser beneficiada pelo sistema público habitacional. Feliz de tudo, recebe as chaves da casa própria. No novo lar, usa o crédito de outro programa governamental para comprar móveis novos, eletrodomésticos e demais utensílios dignos do sonho que virou realidade. Invertendo a ordem do dito popular, depois da bonança, vem a tempestade. Apartamento inundado e perda total do que havia dentro dele. Aconteceu no Jardim Layr, na minha cidade natal de Mogi das Cruzes.
O problema não foi a localização do condomínio, mas sim a incompetência da empreiteira que deixou de fazer o sistema de drenagem apropriado. Em outros bairros de Mogi das Cruzes, outras cidades e até em outros estados, as mazelas da má qualidade dos imóveis populares multiplicam vítimas.
Com que direito, os operadores do Programa Minha Casa Minha Vida transformam o sonho de um sem-número de mutuários em pesadelo? Fomos buscar respostas no Ministério das Cidades. Montamos um dossiê, com cópias e DVD, contendo uma série de reportagens da Imprensa regional para confirmar os fatos.
Em companhia dos vereadores mogianos Antonio Lino Silva (PSD), Jean Lopes (PCdoB) e Pedro Komura (PSDB),apresentamos o farto material à diretora de Produção Habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida do Ministério das Cidades, Maria do Carmo Avesani. Invocando providências imediatas para solucionar os problemas, identificar e banir as empreiteiras incompetentes da execução das moradias, lembrei da frase tantas vezes repetidas pela presidente Dilma Rousseff: “Sou contra o malfeito”.
E é exatamente o malfeito que se espalha por muitos dos condomínios erguidos dentro do Programa Minha Casa Minha Vida, iniciativa nobre para dar a dignidade do endereço às famílias de baixa renda que, em hipótese alguma, merece ser maculada por empresas descomprometidas com a seriedade da construção. O Ministério das Cidades precisa mesmo fazer uma devassa entre as contratadas para apurar e extirpar do processo aquelas que se servem do bestial preconceito de que se é para pobre, não precisa ter boa qualidade.
Fique claro que é justamente o contrário. São as pessoas menos favorecidas economicamente que precisam ter tudo da melhor qualidade, porque não têm recursos para serviços de manutenção ou para comprar outro móvel, eletrodoméstico e afins. Vigiaremos com todo rigor as providências que a diretora nos prometeu tomar para solucionar problemas e evitar novas ocorrências. Há gente amargando as mazelas das construções de baixa qualidade. Em Mogi e no restante do País.
* Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP