Pedido de vista adia votação do relatório de Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS)
BRASÍLIA – Um dia após decidir pela continuidade da investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Conselho de Ética da Casa se reuniu para tratar de representação apresentada pelo PSD contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). O relator do caso, deputado Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), votou nesta quarta-feira pelo arquivamento do processo contra Wyllys.
Um pedido de vista feito pelo deputado Ricardo Izar (PSD-SP) impediu a votação do parecer do relator. A próxima reunião do órgão pode acontecer em dois dias úteis, mas deverá ficar para a semana que vem.
Em novembro, o PSD e o deputado João Rodrigues (PSD-SC) entraram com representação contra o deputado do PSOL por quebra de decoro parlamentar. Na sessão plenária do dia 28 de outubro, Rodrigues alegou que Wyllys o acusou de roubar dinheiro público.
Rodrigues foi flagrado, em maio, assistindo a um vídeo pornô no plenário da Câmara durante votação da reforma política. Em outubro, ele e Jean Wyllys bateram boca em sessão depois que o deputado do PSD subiu à tribuna para criticar a participação do parlamentar no Big Brother Brasil e o chamou de “escória deste país”. O parlamentar do PSOL retrucou, chamando-o de “bandido” e “fascista”.
– Temos que moralizar a Câmara dos Deputados, eu até vi a manifestação do referido deputado (Jean Wyllys), atribuindo que essa é uma atitude para atrasar processo do presidente Eduardo Cunha. Eu mal o conheço, o presidente tem uma missão aqui na casa. Meu caso é com ele, eu e ele, ele e eu. O decoro parlamentar é muito claro. Quero que o Conselho de Ética analise aquele processo – afirmou Rodrigues, acrescentando:
– (Eu disse) Escória da política desse país, mas retirei no mesmo ato a expressão escória por considerar ofensivo, mesmo no calor do debate, coisa que o deputado reafirmou seguidamente em veículos de comunicação e redes sociais. Nós precisamos limpar esse Congresso.
Perguntado se ele próprio não teria quebrado o decoro ao assistir a um filme pornô, o deputado disse que, se fosse crime, “metade dos deputados não estariam na Câmara”.
– Se isso fosse o maior crime, metade dos senhores que estão aqui não estariam hoje. Não é quebra de decoro você receber uma imagem no Whatsapp e deletar. Qual o crime? – questionou. – Não fui pego assistindo, foi filmado na tela do meu celular, captada a imagem lá de dentro, e não era absolutamente um filme pornô, era uma imagem do Whatsapp dos grupos que eu tenho, são mais de 70 grupos. Detalhe: assumi e inclusive pedi desculpas porque creio que não seria o ambiente adequado. Isso não é quebra de decoro.
Em seu parecer, Marchezan disse que “a intervenção punitiva deste conselho deve ser exercida com parcimônia” e que, embora ele reconheça que tenha havido “excessos” na discussão entre os dois parlamentares, é preciso “ponderar esses excessos” levando em conta a “liberdade de manifestação do parlamentar“.
A próxima reunião sobre o caso de Jean Wyllys está marcada para terça-feira, dia 8 de março.
Leticia Fernandes