A regularização dos jogos no Brasil pode representar um potencial de mercado de R$ 55,2 bilhões por ano, com estimativa ainda de arrecadação em torno de R$ 16,5 bilhões, sem prejuízo para o contribuinte. Os números fazem parte de um estudo do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que organizou, quinta-feira (9), na sede da entidade, no centro do Rio de Janeiro um debate sobre a legalização do jogo no país.
Atualmente, a legalização dos cassinos, do jogo de bicho, de bingos e de jogos na internet está em discussão no Congresso em um projeto no Senado e outro na Câmara. O deputado Herculano Passos (PSD/SP), presidente da Comissão de Turismo da Câmara e da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo está confiante na aprovação de uma nova legislação que torne estes tipos de jogos legais no país.
O deputado disse que a ideia é definir o marco regulatório dos jogos e admitiu que existem posições contrárias aos projetos, mas rebateu as críticas. Herculano Passos não concorda com a avaliação de que a legalização aumentaria o número de jogadores compulsivos. O parlamentar acrescentou que nos cassinos pelo mundo o número desses jogadores é pequeno e além disso, o texto que está em discussão prevê o tratamento psicológico das pessoas que forem identificadas com o distúrbio.
Segundo Herculano Passos, conforme as discussões no Congresso, a arrecadação com os jogos seria dividida entre os governos federal, dos estados e municípios. “Nesta época de crise temos que ter criatividade, ser inovadores e fazer coisas que não funcionam no Brasil e só trazem benefícios aos brasileiros como emprego, renda e desenvolvimento. É uma questão de lógica”, afirmou.
O deputado professor Sérgio de Oliveira (PSD/PR), que é de Foz do Iguaçu, no Paraná, destacou que o Brasil perde receita com a ida de pessoas para jogar em cassinos de países vizinhos: “Vejo como uma enorme perda de receita para o nosso país. Em Foz do Iguaçu, mesmo, temos cassinos no Paraguai e na Argentina. Conheço os cassinos ali, vizinhos à minha casa e se percebe a grande quantidade de brasileiros que vão jogar todos os fins de semana, principalmente, na Argentina. Eu sou favorável a aprovação para regulamentar os cassinos no Brasil”, declarou.
Para o presidente do Cetur, Alexandre Sampaio, os recursos não estão restritos ao jogo, mas também aos reflexos que podem causar no turismo. Um exemplo é a cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, onde 30% da arrecadação se referem aos jogos e o restante é de receita obtida com as atividades ligadas ao turismo. De acordo com Sampaio, este movimento pode beneficiar algumas regiões do Brasil que ficaram degradadas com o fechamento dos cassinos e podem ter um reforço na economia, após a aprovação da nova legislação.
“A região do sul de Minas, das águas termais, São Lourenço, Caxambu, têm grande potencial porque tem capacidade instalada de hotéis que foram cassinos de outrora tem suntuosas instalações e que se o jogo vier a ser implantado teria uma resposta muito rápida com obras de recuperação, de atualização, profissionais que, eventualmente, podem ser treinados rapidamente, bons acessos. Então essas áreas conceituadas como degradadas seriam áreas potencialmente prontas e que precisam ser reativadas a partir do jogo”, disse.
Mas a mão de obra nos cassinos pode ser um problema inicial para o setor caso ocorra a legalização. O presidente do Instituto Jogo Legal, Magno José de Souza, disse que este é um das dificuldades que serão enfrentadas diante da ausência da mão de obra qualificada. “Dependendo do modelo que vai ser implantado pelo Congresso e pelo governo, nós vamos ter grande dificuldade em conseguir mão de obra qualificada, porque estamos com os cassinos proibidos há 70 anos, completados agora no dia 30 de abril. Os grandes cassinos vão ter que montar cursos rápidos de formação”, afirmou.
De acordo com Magno José de Souza, a expectativa é de que o setor de jogos gere imediatamente 150 mil novos postos de trabalho em empregos diretos. O presidente contou que atualmente há cerca de 350 mil pessoas empregadas no Jogo do Bicho, sem garantia do estado porque não são registrados. “A formalização desses 350 mil postos também está prevista no projeto tanto do Senado quanto da Câmara dos Deputados. A gente estima que hoje o jogo empregue em todo o mercado regulamentado algo em torno de 500 mil empregos”, disse.