A decisão foi tomada após a Mesa Diretora da Câmara, controlada por Cunha, afastar da relatoria do processo o deputado Fausto Pinato (PRB)
O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PSD), adiou nesta quarta-feira, pela quinta vez, a sessão que analisaria o processo de cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).
A decisão foi tomada após a Mesa Diretora da Câmara, controlada por Cunha, afastar da relatoria do processo o deputado Fausto Pinato (PRB), favorável ao prosseguimento da ação contra o presidente da Casa. Para o lugar de Pinato, Araújo havia nomeado o deputado Zé Geraldo (PT), que se manifestou favoravelmente ao relatório.
A decisão deixou ainda mais tumultuada uma sessão que já era marcada por bate-boca entre os deputados, que votavam três pedidos de adiamento da sessão. “A imparcialidade assusta muito e a falta de coragem de fazer uma defesa nos assusta”, afirmou Pinato após ser comunicado da decisão.
Zé Geraldo se disse surpreendido pela mudança, antes de afirmar que “encampava” o relatório de Pinato, o que desagradou os aliados de Cunha, que pediram a nomeação de outro relator por sorteio.
Araújo, então, suspendeu a sessão e convocou nova reunião para a quinta-feira, às 9h30. Ele disse que fará o sorteio da nova lista tríplice para a relatoria do processo contra Eduardo Cunha e que o escolhido será anunciado amanhã, durante a sessão.
A decisão pelo afastamento de Pinato ocorreu um dia depois de o Supremo Tribunal Federal negar o pedido da defesa de Cunha para retirá-lo da função. Na decisão, a corte afirmou que cabia à mesa diretora da Câmara, comandada por Cunha, optar pelo impedimento do relator ou não.
PSOL e Rede pedem afastamento de Cunha à PGR
Deputados de PSOL e Rede protocolaram na Procuradoria-Geral da República (PGR), na manhã desta quarta-feira, 9, um pedido de afastamento cautelar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados. Eles acusam o peemedebista de usar o cargo para se proteger de questões envolvendo investigações da Operação Lava Jato.
“A PGR tem a prerrogativa de, em considerando nosso documento de mais de 30 paginas robusto, tomar essa iniciativa junto ao STF (Supremo Tribunal Federal)”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).
Esta não é a primeira vez que os dois partidos acionam a PGR. “Até então, tínhamos ido à Procuradoria para elencar fatos e iniciativas do presidente que caracterizam utilização da função de presidente da Câmara para se proteger das acusações de que é alvo na Operação Lava Jato”, afirmou Alencar.