Lara Rizério
Segundo informa a Folha, Éder Mauro (PSD-PA) foi um dos nomes signatários, mas que é pró-impeachment – ele afirmou que não assinou
SÃO PAULO – Sob articulação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parlamentares anunciaram nesta quinta-feira a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia, anunciou a presidente do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE).
O ato para o anúncio da criação da frente, formalmente protocolada hoje, contou com a presença de parlamentares governistas declaradamente contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas representantes de partidos da oposição também assinaram a lista de criação da frente, que conta com 186 deputados e 32 senadores.
“Essa frente parlamentar tem o objeto de sinalizar até mesmo para fora e para dentro da Casa a necessidade do debate do significado desse processo do impeachment para a população brasileira. Porque isso não é qualquer fato, estamos aqui tratando de uma situação institucional muito grave para o país”, disse Luciana a jornalistas. “Estamos o tempo todo afirmando que nestes termos, sem fundamento legal e sem crime de responsabilidade, não tem outro nome, esse processo de impeachment é golpe”, afirmou.
Questionada sobre a presença de parlamentares de partidos claramente posicionados a favor do impeachment na lista da frente, como o PSDB e DEM, Luciana explicou que as assinaturas começaram a ser colhidas há duas semanas, e por isso pode haver deputados que tenham mudado seu posicionamento –tanto os favoráveis quanto os contrários ao impedimento de Dilma.
“Mesmo aqueles indecisos ou aqueles que por outros motivos subjetivos estão numa posição de votar contra em algum momento… acharam que nosso caminho é que estava correto por isso acho relevante essa iniciativa”, argumentou. A Câmara deve analisar a admissibilidade do processo contra a presidente e, se 342 deputados votarem a favor, a Casa autoriza a abertura do impeachment contra Dilma.
Segundo informa a Folha, Éder Mauro (PSD-PA) foi um dos nomes signatários, mas que é pró-impeachment. Ele afirmou que não assinou: “isso aí é uma bandalheira que estão fazendo. Vão ter que trazer os médicos cubanos para assinar essa lista”, disse.
Mesmo com essas questões, Lula insistiu na publicação do documento hoje como parte da ofensiva final do Palácio do Planalto em tentar mostrar que, apesar de “bastante difícil”, o jogo não está perdido. Mas, na prática, a fragilidade da contabilidade governista pode ter efeito contrário.
(Com Reuters)