Agência Brasil
Nelson Barbosa e o professor da Uerj Ricardo Ribeiro estão sendo ouvidos
Com o plenário mais uma vez lotado, a comissão especial da Câmara que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff espera a definição de uma questão ordem da base aliada sobre reabertrua de prazo da defesa para ouvir hoje (31) o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Ricardo Ribeiro. Os dois convidados terão 30 minutos para apresentar a defesa do governo. Marcada para às 11 horas da manhã desta quinta-feira, a audiência começou com 34 minutos de atraso.
Ontem (30), terminou em tumulto a reunião da comissão especial da Câmara que analisa o pedido de impeachment. Houve bate-boca e um princípio de agressão física entre deputados. O presidente do colegiado, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), foi acusado de manobrar a reunião a pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao encerrar a sessão sem que todos os líderes falassem – incluídos os da base governista – para favorecer os parlamentares favoráveis ao impeachment.
Segundo o parecer do Tribunal de Contas da União — TCU – houve – em determinados momentos – diferença no fluxo de caixa do Tesouro em razão do adiamento de despesas. O objetivo seria melhorar os resultados fiscais. Em audiência na Câmara dos Deputados, no ano passado, Barbosa — que era ministro do Planejamento na época — disse que é uma questão de “diferença na interpretação jurídica” de algumas ações financeiras implementadas não só pelo governo da presidente Dilma Rousseff como também pelo governo Fernando Henrique Cardoso.
Desde o início, o governo nega que tenha cometido irregularidade no atraso do repasse aos bancos públicos, conforme apontou auditoria do TCU feita em 2015, com base em relatórios de 2014. Ontem, durante cerimônia de lançamento do Programa Minha Casa, Minha Vida 3, a presidente destacou que o que está em questão no impeachment são as contas de 2015.
Ontem (30), os autores do pedido de impeachment, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal, ao contrário do que defende o governo, argumentaram que as chamadas pedaladas fiscais são elementos suficientes para que a presidente Dilma Rousseff seja processada por crime de responsabilidade. Segundo Reale, Dilma feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal ao retardar o repasse de recursos para bancos públicos.
Questão de ordem
Em resposta a um pedido do vice-líder do governo, Paulo Teixeira (PT-SP), que insistiu nas últimas reuniões pela reabertura do prazo para que a presidente Dilma Rousseff apresente sua defesa, o presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, indeferiu o pedido.
Rosso voltou a lembrar, hoje, que, na sessão do dia 22 de março, já tinha anunciado que não iria considerar o documento juntado, que tratava da delação premiada do ex-líder do governo, senador Delcídio do Amaral. Mesmo com a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que manteve o conteúdo da delação no processo, Rosso considerou a matéria “vencida”.
“Tendo em vista que o presidente da Casa determinou a juntada ao autos, não cabe a esta comissão determinar o desentranhamento de documento. O mais importante é que o documento não será considerado pelo relator. Caberá ao Senado Federal fazer instrução probatória como achar adequado”, explicou, reafirmando que a Câmara tem apenas a atribuição de admitir ou não o processo de impeachment, sem analisar ou produzir provas.
Rosso disse, ainda, que Dilma foi notificada duas vezes – na criação da comissão e quando o prazo começou a ser contado. “Ela tem conhecimento de todos os termos da denúncia. Estamos trabalhando apenas a admissibilidade. Ela terá a oportunidade de se defender no Senado“, completou. Dilma tem o prazo de 10 sessões para apresentar sua defesa. A Câmara mantém o ritmo de uma sessão por dia desde que o processo foi iniciado. Hoje, a comissão completou oito sessões.