BRASÍLIA – Dizendo-se um sobrevivente, o deputado Átila Lins (PSD-AM) circula pelo Salão Verde da Câmara alertando os deputados indecisos a não cometerem a “burrice” que cometeu em 1992, ao seguir a orientação do então líder do PFL, Luís Eduardo Magalhães, e votar contra o impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Depois desse voto “na contramão da História”, Lins disse que ficou estigmatizado, e toda eleição colocavam outdoor com sua foto mostrando-o como “inimigo do povo”. Ele foi um dos dois únicos deputados, dos 38 que votaram contra, a conseguir se reeleger. Hoje está no PSD. O outro foi petebista Nélson Marquezelli (SP).
– Essa sombra me perseguiu a vida inteira. Numa reunião do PSD, quando eu contei minha sina por ter votado contra a cassação de Collor, teve deputado que chorou. Eu disse: pensem bem! Não cometam o erro que cometi por ter ficado na contramão da História. O que o povo quer essa Casa sempre quer. Eu não errarei jamais – contou Átila Lins, dizendo que na reunião virou uns dois votos.
Com um fita verde e amarela na lapela, Átila Lins disse que ao longos desses anos, só tinha direito de concorrer a eleição proporcional, nunca conseguiu se candidatar a uma majoritária. Disse que podia ter crescido na política, mas sofreu muito com o voto “equivocado”.
– Hoje eu tenho uma segunda chance e não vou errar de novo. Vou acertar minhas contas e me recuperar perante o Brasil – diz Átila Lins.
Maria Lima