O deputado petista Arlindo Chinaglia (SP) recebeu nesta quinta-feira (22) o apoio da bancada do PSD ao seu nome como candidato à presidente da Câmara dos Deputados. Em ato que oficializou o apoio da legenda, Chinaglia disse não reclamar do fato de o vice-presidente da República, Michel Temer, presidente do PMDB, apoiar a candidatura de Eduardo Cunha.
Além de Cunha e Chinaglia, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também disputa a presidência da Casa. Enquanto os candidatos do PT e do PMDB são apoiados, principalmente, por partidos da base aliada, Delgado tem apoio das principais legendas de oposição. Nesta quinta, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, fez apelo para que a oposição se una em torno do nome de Cunha.
Ao anunciar o apoio a Chinaglia, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), disse ter consultado todos os 36 membros da sigla na Câmara. “Eu oficializo hoje que o PSD decidiu apoiar o deputado Arlindo Chinaglia na eleição para presidente da Câmara. Nós sabemos dos desafios dessa nova legislatura, das reformas necessárias que o país precisa e nos sentimos muito a vontade para apoiar o Chinaglia”, declarou.
Após o anúncio, Chinaglia foi questionado por jornalistas se considerava normal ministros da presidente Dilma Rousseff pedirem voto para a sua campanha. O PMDB critica a atuação do governo na eleição da Câmara e acusa o Planalto de oferecer cargos em troca de apoio a Chinaglia. O deputado disse que não reclamou quando Michel Temer, vice-presidente da República e presidente do PMDB, anunciou apoio a Eduardo Cunha – principal adversário de Chinaglia na disputa.
“Você acha normal o vice-presidente da República apoiar uma candidatura? A mim é atribuído ser suposto beneficiário de uma ação do governo. Do ponto de vista da democracia, o vice-presidente da República tem toda legitimidade de quem foi eleito, de quem tem influência no PMDB e eu não vou reclamar porque ele assinou uma nota apoiando o candidato do PMDB”, afirmou Chinaglia.
Em entrevista na quarta-feira (21), o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), declarou que via como normal ministros fazerem campanha para candidatos de sua preferência e ressaltou que tem pedido votos para Chinaglia.
O comentário provocou uma forte reação do líder peemedebista, que afirmou que a sua bancada, integrante da base governista, não irá mais reconhecer Fontana como líder do governo.
Nesta quinta, ao ser indagado sobre a denúncia do PMDB de que o governo estaria oferecendo cargos em troca de apoio na eleição da Câmara, Chinaglia se limitou a dizer: “Eu não insinuei nada sobre nenhum candidato. Quero que nossa disputa seja por propostas, ideias, prestígio, respeito. Eu me sinto honrado quando sou eleito. Minha campanha está boa, ponto.”
Além do PSD, Chinaglia conta com o suporte do PT, PROS e do PCdoB.
Apoio a Delgado
Na entrevista coletiva, o deputado do PT negou que tenha firmado um acordo para que o partido apoie o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) se ele for para o segundo turno com Cunha. Mais cedo, o Solidariedade divulgou nota em que o presidente da sigla, deputado Paulinho da Força, diz haver “acordo mútuo” entre os dois candidatos .
“Não há acordo. Em nenhum momento o Júlio fez qualquer tipo de consideração ou insinuação ou algo que deixasse sombra. Eu como deputado, se não for para o segundo turno, prefiro um candidato que quando fala prova, prefiro um candidato que não insinua e que tenha um padrão político que me agrada. É nesse sentido que no segundo turno eu votaria no Júlio”, disse.
Mais cedo nesta quinta, o Solidariedade ameaçou deixar o bloco de oposição que formaria com PSDB, PV, PPS e PSB devido ao suposto acordo de apoio mútuo entre Delgado e Chinaglia em um eventual segundo turno.
Na nota assinada pelo presidente do Solidariedade, o partido argumenta que a candidatura de Delgado é “inviável” e condena o suposto entendimento do parlamentar do PSB com o petista Arlindo Chinaglia.
“Além de esta candidatura ser inviável, na opinião do partido, está se tornando linha auxiliar da candidatura do PT, inclusive com a divulgação de acordo mútuo entre os dois”, diz o texto.