O líder do PSD na Câmara, deputado Rogério Rosso (DF), afirmou nesta quarta-feira (24), após jantar com integrantes do partido e ministros da área econômica, que o PSD apoiará no Congresso Nacional as medidas provisórias que alteram benefícios trabalhistas e se enquadram no ajuste fiscal do governo.
No fim do ano passado, o Executivo editou duas MPs que tornaram mais rigoroso o acesso da população a uma série de benefícios previdenciários, entre eles seguro-desemprego e a pensão por morte. As regras já estão em vigor, mas, para virarem lei, precisam ser aprovadas pelo Legislativo em 120 dias. Antes de serem votadas em plenário, porém, precisarão ser discutidas em comissões criadas pelo Congresso especialmente para esse fim.
“Não tenham dúvidas: o PSD vai trabalhar não só na aprovação das medidas, como todas aquelas medidas que forem importantes para a retomada do crescimento, para o ajuste fiscal do governo, para que o brasileiro possa ter mais capacidade de ganho e o Brasil possa ser mais competitivo no mercado externo. Nós vamos fazer”, disse.
“Ficamos muito tranquilos ao escutar as palestras e explanações dos ministros [Joaquim] Levy e Nelson [Barbosa], Aloizio Mercadante. Todos os principais países do mundo estão fazendo seus ajustes fiscais. É permanente o ajuste e é isso que a presidenta Dilma está fazendo. Independente da situação política, sempre há necessidade de a gente adequar nossa economia brasileira e dar competitividade aos produtos brasileiros”, completou.
Participaram do jantar desta terça, além deputados e senadores do PSD, os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Alexandre Tombini (Banco Central), Nelson Barbosa (Planejamento), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas. Nesta segunda (23), eles já haviam se reunido com a cúpula do PMDB no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, para apresentar as medidas.
Após o jantar desta terça, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, comentou o número de emendas apresentadas às MPs que alteram os benefícios trabalhistas e considerou “normal” o número de mais de 600 que já foram apresentadas. Barbosa afirmou estar “confiante” de que os argumentos apresentados pelo governo aos partidos da base aliada serão aceitos e as medidas serão aprovadas.
“Todos os principais países do mundo estão fazendo seus ajustes fiscais. É permanente o ajuste e é isso que a presidenta Dilma está fazendo. Independente da situação política, sempre há necessidade de a gente adequar nossa economia brasileira e dar competitividade aos produtos brasileiros”, diz Rogério Rosso, líder do PSD na Câmara
“É normal apresentar emendas, isso não é novidade. Em outras MPs, já teve mais de mil emendas, isso é natural, estamos analisando todas elas. […] Propusemos medidas no tamanho que a gente acha necessário e estamos defendendo as medidas propostas e apresentando argumentos e o impacto”, disse.
Responsável pela articulação do Executivo com o Congresso Nacional, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, defendeu o diálogo com os partidos para que o governo aprove as medidas, e garantiu que o Planalto buscará o debate “sempre que tiver uma matéria relevante”.
“Esta é uma prática de um governo que dialoga com os partidos da base e até da oposição. Sempre que tem uma matéria relevante, um tema importante, em que há necessidade de fazer o debate entre determinados setores que representam áreas do governo com as bancadas, partidos, lideranças, isso está em um processo normal, e que vai acontecer em outros momentos também”, assegurou.
Gilberto Kassab
Presidente licenciado do PSD, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, também participou do jantar e reiterou que o PSD apoiará no Congresso Nacional as medidas provisórias que alteram benefícios trabalhistas.
“Como presidente licenciado do PSD, registro a convicção [do partido] do quanto é importante para o Brasil que esse plano [de ajuste] seja aprovado, seja discutido à exaustão no Congresso, para que a sociedade possa compreendê-lo. E o que nos enche de confiança é que o governo sabe que está no caminho certo”, disse.
O jantar
O jantar ocorreu na casa do líder do PSD, Rogério Rosso, e durou mais de três horas. Na residência do parlamentar, no Lago Sul, área nobre de Brasília, ministros e deputados passaram a maior parte do tempo conversando na sala de pé, embora houvesse sofás e cadeiras. Garçons circulavam com bebidas e comidas, como empada de carne seca. No mesmo ambiente, uma mesa retangular foi preparada para os convidados poderem jantar.
Enquanto o coquetel era servido, Rogério Rosso falou diversas vezes ao telefone, assim como o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, presidente do PSD. Em alguns momentos, os ministros Aloizio Mercadante e Pepe Vargas se dirigiram a um canto mais reservado da sala, onde conversaram por alguns minutos.
No jantar, ministros e integrantes do PSD tiveram a opção de tomar uma opção de vinho tinto, da uva cabernet sauvignon, uma de vinho branco, da uva sauvignon blanc, além de água e whisky 12 anos. Havia também refrigerante e suco.
Diferentemente do que ocorre em jantares organizados por partidos, a imprensa que cobriu o evento do PSD foi chamada para a área interna da casa de Rogério Rosso, e permaneceu na varanda. Antes do início do jantar, Mercadante, Rosso e Kassab cumprimentaram jornalistas e posaram para imagens.
Na sala, antes de começarem o jantar, os presentes se sentaram em cadeiras que formavam um quadrado. Pepe Vargas, Joaquim Levy e Nelson Barbosa sentaram-se juntos em um sofá. Anfitrião, Rogério Rosso se sentou em um cadeira ao lado de Barbosa. Principal conselheiro da presidente Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante sentou-se em uma cadeira ao lado de Gilberto Kassab. O jantar começou a ser servido por volta das 22h30. No cardápio, havia raviolli e filé.