Presidente do Senado diz que dará continuidade a processo contra Dilma.
Decisão vai contra ato do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão.
Políticos e especialistas repercutem a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de dar continuidade à tramitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff à revelia da decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de tentar anular a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment.
Possível afastamento de Dilma é analisado
Veja a repercussão sobre o caso:
Rogério Rosso (PSD/DF), deputado e presidente da comissão especial do impeachment na Câmara “Conforme nossa avaliação, o senador Renan manteve a votação do impeachment para essa próxima quarta feira. Constituição Federal respeitada!”
José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara “Eu lamento esta decisão. Sempre tive muito respeito pelo presidente Renan Calheiros e por suas decisões. Mas considero duas coisas. A primeira, jamais ele poderia fazer comentários sobre a decisão de outro Poder. Quem extrapolou foi ele. Segundo, o presidente Renan, ao tomar esta decisão, mostra uma ingerência indevida e inoportuna. Isso, sim, é brincar com a democracia. Está se fazendo um impeachment ao arrepio da Constituição e o presidente Renan sabe disso”.
Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara “A decisão do presidente Renan Calheiros foi uma decisão absolutamente correta, responsável e consequente. Tomada essa decisão, cabe aos partidos políticos representar junto ao Conselho de Ética pedindo a cassação do Waldir Maranhão por abuso de poder. Esta decisão do presidente Renan dá mais suporte ao que já estava claro perante aos que acompanham o processo de afastamento da presidente, que é a sua constitucionalidade”.
Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora “Se alguém tem de decidir sobre a decisão do presidente da Câmara é o plenário da Câmara. Não é o Senado nem é Vossa Excelência [Renan Calheiros].” Orlando Silva (PCdoB-SP), deputado “O senador Renan Calheiros desrespeitar a decisão do Presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, é gravíssimo. Agrava a crise!”
Silvio Costa (PTdoB-CE), vice-líder do governo na Câmara A decisão do senador Renan, do ponto de vista jurídico e constitucional, é lamentável. É, preciso respeitar o presidente Waldir Maranhão. Ele tomou decisão constitucional e democrática. No desespero, estão falando em representar Maranhão no Conselho de Ética. Não vão representar. Estão falando em afastar maranhão e não vão afastar. Estão com terrorismo político. Evidentemente vamos judicializar a questão do impeachment. Não pode o Renan Calheiros tomar essa decisão.
Ivan Valente (SP), líder do PSOL na Câmara Se o Senado prossegue, é porque é decisão política, pressionada pelos líderes de partidos de Direita. Nós entendemos que, como esse processo foi ilegítimo e imoral, ele vai ser contestado. A decisão do senhor Waldir Maranhão foi monocrática, assim como foi monocrática a decisão de Eduardo Cunha de colocar o impeachment em votação. Por isso, entendemos que o processo no Senado continua com sua ilegitimidade, porque não há crime de responsabilidade. É bem possível que esse processo continue judicializado pela sua ilegitimidade.
Mendonça Filho (DEM-PE), deputado “A decisão do presidente Renan Calheiros foi uma decisão correta, até porque isso é matéria já vencida aqui na Câmara. Não caberia a ele levar em conta uma decisão absurda e imoral, além de desrespeitosa, por parte do presidente [interino, Waldir Maranhão]. Portanto, foi uma decisão correta”.
Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF “Pois é. Aí está, exposta ao mundo, a nossa triste e pobrezinha guerra de facções. Um vexame após o outro!”
Lindbergh Farias (PT-RJ), senador “Vossa excelência [Renan Calheiros] está cometendo uma ilegalidade […] vossa excelência está errando muito porque está indo pelo caminho do presidente [afastado] da Câmara, Eduardo Cunha. O que vossa excelência está cometendo é um erro histórico, manchando a sua biografia ao colocar as suas mãos num golpe, porque é isso que está acontecendo aqui: um golpe contra uma presidente honesta e honrada.”
Marta Suplicy (PMDB-SP), senadora “Parabéns ao Senado, rápida resposta. Ato de Maranhão é inexistente pois a matéria é considerada preclusa. Impeachment será votado na quarta”, postou Marta no Twitter. Em outro post, completou: “Reação do Senado Federal mostra maturidade, conhecimento e respeito pela democracia.”