Rogério Rosso, líder do PSD, presidirá colegiado que analisará impeachment.
Relator será Jovair Arantes, aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Recém-eleito presidente da comissão que analisará processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), afirmou nesta quinta-feira (17) que serenidade e cautela devem ser as palavras de ordem na análise do pedido de afastamento da petista.
Já o relator do colegiado, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que agirá como magistrado.
O comando da comissão do impeachment foi eleita em votação na noite desta quinta. Além de Rosso e Arantes, foram definidos os seguintes nomes para os cargos de comando do colegiado: Carlos Sampaio (PSDB-SP) como primeiro-vice-presidente; Mauricio Quintella Lessa (PR-AL) como segundo-vice; e Fernando Coelho Filho (PSB-PE) como terceiro-vice.
Possível afastamento de Dilma é analisado
Rosso convocou uma sessão da comissão para a próxima segunda-feira (21), às 17h, para que o relator apresente um plano de trabalho e sejam discutidos os procedimentos seguintes do colegiado.
O momento é muito grave, mas a cautela e cuidado devem ser palavras de ordem. Nossas instituições estão em jogo, nossa democracia está em jogo. Carregamos a responsabilidade de reerguer o país, afirmou o líder do PSD, em discurso para os demais integrantes da comissão do impeachment.
O líder do PSD disse ainda, na condução dos trabalhos, que vai evitar especulações que possam inflamar o país.
Assumo hoje uma missão regida por todos os princípios éticos, que será desempenhada com serenidade. Seguiremos na condução dos trabalhos para que tenhamos a oportunidade analisar os fatos sem intervenções de especulações que possam inflamar ainda mais o nosso pais”, afirmou Rosso.
Já o deputado Jovair Arantes afirmou que agirá como juiz e que fará um relatório importante, ciente que vai ter que desagradar um dos lados.
Eu tenho que agir como magistrado. Como relator, vou ter que ouvir a todos, vou ter que discutir com a sociedade organizada que nos procurar junto com toda essa mesa diretiva e quero dizer que também estaremos à disposição da imprensa nos momentos oportunos, disse.
O deputado do PTB afirmou ainda que nunca se furtou a participar de nenhuma empreitada a ele dada na Câmara.
Tenho dez anos de líder na minha bancada do PTB […] e digo que fazer parte de um momento importante como esse, confesso que tive que consultar minha família. É claro que o home que vem para essa casa tem que estar preparado para os desafios, disse.
Como relator, caberá ao deputado Jovair Arantes elaborar um parecer sobre se o processo de impeachment deverá ter continuidade ou não. Esse parecer precisará ser aprovado pela maioria absoluta dos integrantes da comissão. Em seguida, será votado no plenário da Câmara e terá que receber ao menos 342 votos favoráveis para seguir para o Senado.
Embora mescle deputados da base aliada e da oposição, o comando da comissão do impeachment ficou com líderes de partidos governistas que possuem bancadas divididas em relação ao governo Dilma Rousseff. Maurício Quintella Lessa, Rogério Rosso e Jovair Arantes são, inclusive, considerados aliados importantes do presidente da Câmara.
Sessão A eleição ocorreu sob protestos de aliados do Palácio do Planalto. O líder do PT, Afonso Florence (BA), questionou a indicação dos nomes dos três vice-presidentes argumentando que o acordo feito tratava apenas da presidência e da relatoria.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) apresentou uma questão de ordem propondo que não fosse feita eleição para as vices porque, segundo ela, a decisão do Supremo que tratou do rito de impeachment não tratou disso.
O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), que presidia a sessão, informou que não aceitaria a questão de ordem, alegando que era conhecido que a sessão havia sido convocada para eleger também os três vices.