Oposição ameaça entrar com processo de cassação em Conselho de Ética.
Deputado tem dito a colegas que pretende ficar na presidência da Casa.
Líderes de diversos partidos e parlamentares com influência na Câmara já se preparam para a hipótese do deputado Waldir Maranhão (PP-MA) se manter na presidência da Casa. Sob ameaça da oposição de enfrentar um processo de cassação do mandato, o deputado tem dito a colegas que pretende continuar no comando da Câmara.
Nesta quarta-feira (11), líderes da situação e da oposição manifestaram ao G1 apreensão com a permanência, devido à expectativa de Michel Temer assumir a Presidência se o afastamento de Dilma Rousseff for confirmado pelo Senado na votação do impeachment. Maranhão informou que anunciaria até as 12h desta quinta se renunciaria ou não à presidência da Câmara. Caso não o faça, o DEM e PSD já anunciaram que vão protocolar no Conselho de Ética uma representação por quebra de decoro, pelo fato do deputado ter anulado a sessão que autorizou o impeachment, na última segunda (9) sob pressão, ele revogou a medida à noite. Um dos nomes cotados para disputar a presidência da Câmara em caso de renúncia de Maranhão, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) disse ao G1 que, caso o deputado fique na presidência, pode articular apoio para que ele conduza a pauta com ajuda de outros membros da Mesa Diretora em conjunto com o colégio de líderes.
“Se ele vai continuar, aí temos que fazer um modus operandi, temos que estabelecer uma regra para esse jogo. Talvez se estabilizar e ele terceirizar a ação de presidente ao Beto Mansur [1º secretário da Câmara, PRB-SP], ao Alex Canziani [4º secretário, do PTB-PR] e ao Giácobo [2º vice-presidente, do PR-PR], que são da Mesa e têm competência para tocar. E dizer: ‘eu vou junto com vocês estabelecer a pauta e reunir os líderes'”, disse o deputado. Arantes diz que pretende disputar a presidência da Câmara a partir de fevereiro do ano que vem, para o biênio 2017-2018. Diz que realizar novas eleições neste momento paralisaria a Câmara, no momento em que Temer deve enviar medidas urgentes para aprovação na Casa.
“Vamos supor que amanhã se instale um novo governo. Ele precisa de aprovar uma caminhonete de medidas provisórias, tudo com urgência e vai ter que uma produção. Se arrumarmos uma briga interna agora para tirar o Maranhão, nós vamos desfocar do que temos que focar”, afirmou. Líder do segundo maior bloco na Casa, que reúne PMDB e PEN, com 71 deputados, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), diz que vai aguardar a decisão de Maranhão para tomar uma decisão com a bancada. “O PMDB não vai tomar nenhuma posição. Vamos aguardar o dia de amanhã”, disse.
Líder do PSD (34 deputados) e também nome cotado para disputar a presidência, Rogério Rosso (DF) concorda que o novo governo vai precisar de respaldo político no Legislativo. Ele diz que a permanência de Maranhão é um dos cenários, mas para se viabilizar, precisaria de amplo apoio da maioria da Câmara, “o que não está fácil”.
“Hoje é clara a dificuldade política que o presidente interino tem em conduzir os trabalhos. Entretanto ele tem o respaldo regimental. Não tem o respaldo político da ampla maioria. Portanto estamos num impasse, que só poderá ser resolvido mediante a superação de bancada, cada parlamentar, de cada líder de que a Casa precisa trabalhar”, disse.
Líder do Solidariedade (14 deputados), Paulo Pereira da Silva (SP), teme o que pode ocorrer com Maranhão na presidência, mas admite a dificuldade de forçar a saída de Maranhão. “Para tirar ele, não é fácil. Não é apenas levar um decreto para tirar o cara, se não ele vai no Supremo e ganha”, diz.
O G1 presenciou a conversa de dois deputados que citavam a resistência de Maranhão em deixar o posto de vice-presidente da Câmara. Eles disseram que o parlamentar do PP não percebe a gravidade das punições que pode sofrer caso se mantenha no cargo. “Ele não está a par da realidade. Ainda analisa a possibilidade de ficar no cargo e negociar sua decisão”, afirmam.Oposição Apesar da boa vontade manifestada com um eventual governo Temer, líderes dos maiores partidos de oposição ao atual governo, a posição é unânime contra a permanência de Maranhão. “Para mim não interesse. Ele tem prazo até 12h, se não, nós iremos levar o processo para abertura de pedido de cassação”, diz Pauderney Avelino (DEM-AM). Rubens Bueno (PPS-PR) também critica a possibilidade de Maranhão ficar. “Não vai ajudar coisa nenhuma, não tem autoridade moral, não tem estofo, nem capacidade de tocar a pauta da Casa. Uma loucura, ele não consegue presidir uma sessão”, afirmou.
Na mesma linha, Antonio Imbassahy (PSDB-BA) propõe que seja declarada a vacância da presidência da Câmara, a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do cargo.
“Estamos testando essa perspectiva. Estamos avaliando e ao mesmo tempo administrando. Não está nem se pensando em nomes. Está se pensando em solução”, afirmou.