Comissão retomou discussão e deve votar relatório ainda nesta segunda.
AGU citou desejo político; relator diz que povo ‘clama’ por investigação.
Os líderes partidários da Câmara dos Deputados começaram, pouco antes das 15h, desta segunda-feira (11) a orientar suas bancadas na votação do parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que defende a continuidade processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Deputados discutem e votam relatório
Cada um dos líderes dos 25 partidos com representação na Casa recebeu o direito de discursar por dez minutos.
– Leonardo Picciani, líder do PMDB Primeiro a falar, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), destacou a divergência interna da bancada e, por conta disso, disse que iria deixar os deputados livres para votarem de acordo com a consciência.
Picciani ressaltou que a sua opinião pessoal é contrária à abertura do processo de impeachment, mas que entendia as divergências entre os peemedebistas.
Ele afirmou que, após a votação na comissão, irá reunir a bancada para definir uma posição única sobre o impedimento de Dilma. Não emitiremos nenhuma orientação, os parlamentares do PMDB estarão livres para votar de acordo com a sua consciência, afirmou Picciani.
– Afonso Florence, líder do PT O líder do PT, Afonso Florence (BA), defendeu que afastar a presidente Dilma sem comprovar a existência de crime de responsabilidade será “golpe”. Florence também atacou o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusando-os de traição. Ele acusou Temer de se aliar à oposição para derrubar Dilma.
Não vai ter golpe, porque não é só um golpe. É traição ser nomeado articulador político e conspirar contra a presidenta. É traição ser presidente da Câmara e rasgar o regimento e a Constituição, para acelerar o impeachment da presidenta e estancar a possibilidade de ser investigado”, disse.
Durante o discurso, Florence pediu que o povo e os artistas se mobilizem para lutar contra a aprovação do impeachment e afirmou que não haverá sossego para os defensores do afastamento, caso Dilma seja obrigada a deixar o cargo. Vocês não vão ter sossego se fizerem isso. Porque o povo mobilizado vai lutar por suas conquistas, declarou.
Possível afastamento de Dilma é analisado
– Antônio Imbassahy, líder do PSDB O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), criticou o tom de ameaça do discurso de Florence e disse que o parecer de Jovair Arantes revela o cometimento de crimes pela presidente Dilma. Alguns pronunciamentos que revelam desequilíbrio emocional, ameaças, inclusive, são, deploráveis. É muito triste a ver deputados ameaçarem a população brasileira”, disse.
Chegamos num momento histórico em que os olhos de todo o país estão voltados para essa comissão. Momento em que todos nós vamos fazer uma opção. Acho até que pronunciamentos agressivos revelam o terror de uma derrota iminente, disse.
Ele afirmou ainda que Dilma “mentiu” às famílias durante a campanha eleitoral, ao dizer que investimentos sociais se manteriam no mesmo patamar. O parecer do relator Jovair Arantes é robusto, concluiu de forma clara que Dilma infringiu a lei orçamentária e praticou crimes. A presidente definitivamente violou a Constituição […] O PT que hoje diz que impeachment é golpe, é o mesmo PT que apoiou 50 pedidos de impeachment contra Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e Collor”, completou o tucano.
AGU e relator Antes do início do debate, discursaram o presidente do colegiado, Rogério Rosso (PSD-DF), o relator, Jovair Arantes (PTB-GO), e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
Para Jovair Arantes, a população clama pelo processo de impeachment. Já Cardozo sustentou que o relatório apresenta desejo político.
A sessão teve início às 10h56. A previsão é que a votação do relatório ocorra no fim da tarde desta segunda. Depois, independentemente do resultado na comissão, que pode se posicionar contra ou a favor da presidente, o caso vai ao plenário da Câmara dos Deputados.