Escolha do nome e data da votação geram polêmica.
Cunha renunciou à presidência após 2 meses de afastamento.
A sucessão de Eduardo Cunha na presidência da Câmara também mobilizou a Casa nesta sexta-feira (9). Além da escolha do nome, a data da votação também é motivo de polêmica.
Uma eleição com duas datas. O presidente interino Waldir Maranhão convocou para quinta-feira (14). Os líderes chamaram a eleição para terça (12). Nesta sexta-feira (8), o dia todo foi uma queda de braço para tentar um acordo, mas nenhum dos dois lados cedeu. Eu vou cumprir o regimento, a Constituição e teremos eleições na Câmara, disse Waldir Maranhão. Esta casa não é a casa de uma pessoa. Não é a casa de um presidente, é a casa de um colegiado de deputados que representam os cidadãos brasileiros, afirmou Evandro Gussi.
Irritado com as críticas de Cunha na renúncia na quinta-feira (7), Maranhão disse a deputados que estava magoado porque ajudou, sim, Cunha, nas manobras no Conselho de Ética, trocando relator, por exemplo, quando decidiu recurso como vice-presidente.
E sobrou até para o secretário-geral da Câmara. Silvio Avelino foi demitido por Maranhão por ter participado na quinta-feira da reunião que passou por cima da decisão dele e antecipou a reunião. No início da tarde, Maranhão também mandou retirar as cabines de votação do plenário.
O jogo das datas vai além da eleição. Na terça, pode beneficiar Eduardo Cunha porque adiaria a reunião para tratar do recurso dele na Comissão de Constituição e Justiça. Aí o caso ficaria para agosto.
Na quinta, véspera do início recesso branco, pode não ter quórum, e Maranhão continuaria interino, atrasando as votações de projetos do governo Temer.
Independente da data, os apoiadores de Cunha querem um aliado na presidência da sessão que pode cassar o mandato dele. Rogério Rosso, líder do PSD, é um deles. Fiel a Cunha, presidiu a comissão do impeachment. É do chamado Centrão, por isso tem o apoio do Palácio do Llanalto. Esteve várias vezes na residência de Cunha depois do afastamento dele pelo Supremo Tribunal Federal. Rosso insiste que ainda não é candidato, e que defende um nome de consenso.
O senhor não sereia o candidato do presidente afastado?
Um deputado então só consegue se eleger aqui na casa num primeiro turno mais de 257 deputados, ou na maioria simples depois do segundo turno, disse Rosso.
O número de candidatos à presidência só aumenta. A maioria da base aliada de Temer. Até o início da noite eram 14 candidatos cinco oficialmente – Carlos Manato (SD), Fausto Pinato (PP), Marcelo Castro (PMDB), Fábio Ramalho (PMDB), e Carlos Henrique Gaguim (PTN).
Outros nove, pelos corredores da Câmara.
Júlio Delgado (PSB), o único adversário de Cunha, Fernando Giacobo (PR), José Carlos Aleluia (DEM), Rodrigo Maia (DEM), Heráclito Fortes (PSB), Beto Mansur (PRB), Osmar Serraglio (PMDB), Jovair Arantes (PTB), e Rogério Rosso (PSD). E à noite, o presidente interino da Câmara declarou nula a convocação dos líderes para a sessão extraordinária na terça. E, em resposta, líderes de partidos marcaram uma reunião para a segunda (11), quando podem reconvocar a sessão.