Decisão é mais uma reviravolta no processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética.
Logo nas primeiras horas do retorno ao trabalho, já teve decisão polêmica na Câmara. Que vai atrasar mais ainda o processo contra o presidente da casa, o deputado Eduardo Cunha.
A decisão é mais uma reviravolta no processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética. Em 15 de dezembro, o conselho aprovou o parecer do relator Marcos Rogério, do PDT, pela continuidade do processo de cassação de Cunha.
Antes da votação, a tropa de choque do presidente da Câmara agiu. Queria vista do relatório, mais prazo. O presidente do Conselho, José Carlos Araújo, negou. E levou a decisão pro voto.
Deu 11 a 10 contra o pedido que, se aceito, adiaria a sessão pela oitava vez. O relatório contra Cunha foi aprovado. E o deputado Carlos Marun, do PMDB, aliado de Cunha, apelou à mesa diretora da Câmara.
O vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, do PP, e próximo de Eduardo Cunha, aceitou o recurso de Marun. A decisão foi assinada no dia 22 de dezembro. Uma semana depois da última sessão do ano do Conselho de Ética. Mas só divulgada agora. Maranhão diz, na decisão, que deve ser feita uma nova discussão, abrindo espaço para novos pedidos de vista. E o presidente da Câmara ainda poderá apresentar uma nova defesa prévia ao Conselho de Ética. E o parecer também terá de ser votado de novo.
Isso significa que o processo que pode levar à cassação do mandato de Cunha voltou praticamente à estaca zero.
O presidente do Conselho de Ética chamou uma reunião para quarta-feira (3). Eu não vou entrar nesse jogo protelatório. O que querem, como se diz na gíria, é empurrar pra frente. Eu não vou entrar nesse jogo. Não mandou que eu faça nova discussão? Eu vou fazer nova discussão, afirma o deputado José Carlos Araújo (PSD/BA), presidente do Conselho de Ética.
Nesta terça, o PSOL apresentou ao conselho o que seriam novas provas para reforçar a acusação de que Eduardo Cunha mentiu à CPI da Petrobras quando disse que não tinha contas no exterior. E quando disse que não tinha se reunido com o operador Fernando Baiano, preso na Lava Jato.
O PSOL aponta o depoimento do próprio Baiano que confirma o encontrou. O PSOL cita também outros dois delatores, que falaram sobre a existência de cinco novas contas indicadas por Cunha nos Estados Unidos e na Suíça.
Os delatores, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Junior, da Carioca Engenharia, disseram que depositaram quase US$ 4 milhões em propina nessas contas.
Como tem o pedido da procuradoria-geral da República pelo afastamento do presidente, do mandato, e consequentemente da presidência da casa, até que todo esse arsenal de denúncias contra ele, que só se avoluma, sejam esclarecidas, nós vamos manifestar também que há parcelas expressivas aqui da casa que entendem que isso deve ser feito, diz o deputado Chico Alencar (PSOL/RJ), líder do partido.