Ricardo Berzoini, que deve assumir articulação política, reuniu deputados.
Aliados disseram que veto a reajuste do Judiciário pode ser derrubado.
Preocupado com a possibilidade de vetos presidenciais a pautas-bombas serem derrubados, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que deve assumir a articulação política do governo, se reuniu na noite desta segunda-feira (21) com líderes da base aliada na Câmara para apresentar o impacto da eventual retomada dos projetos vetados.
O Congresso se reúne nesta terça para analisar 32 vetos da presidente Dilma Rousseff, entre os quais o que derrubou reajuste de até 78% aos servidores do Judiciário. De acordo com o Ministério do Planejamento, eventual retomada desses dispositivos vai gerar um gasto extra de R$ 23,5 bilhões no ano que vem e R$ 127,5 bilhões até 2019.
O diálogo que temos feito é no sentido de tentar convencer o Congresso da inoportunidade de derrubar o veto. Ninguém quer tocar fogo na economia brasileira. Em condições normais não poderíamos derrubar, ainda mais na situação atual. Os vetos precisam ser mantidos, defendeu o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-SP), após a reunião. Durante o encontro, realizado no Palácio do Planalto, os parlamentares da base aliada disseram a Berzoini que o veto ao Judiciário corre risco de ser derrubado. Servidores têm feito forte pressão pelo reajuste, com manifestações semanais em frente ao Congresso. A proposta vetada por Dilma prevê aumentos entre 53% e 78% aos servidores, a depender do cargo. As correções salariais seriam escalonadas até 2019. De acordo com o Planejamento, essa proposta vai gerar uma despesa de R$ 5,3 bilhões no ano que vem. Em quatro anos, até 2019, o custo total será de R$ 36,2 bilhões.
CORTES E RECEITAS Governo anunciou recriação da CPMF notícia das medidas volta da cpmf cortes: R$ 26 bi alta de receita: R$ 38,9 bi corte de ministérios: R$ 200 mi infográfico: o orçamento 2016 repercussão econômica repercussão política
É a mais difícil votação dos últimos tempos para o governo, disse o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que também participou da reunião com Berzoini. A avaliação, segundo relatos feitos aoG1, é de que, se a votação fosse na próxima semana, a chance de o veto ser rejeitado seria menor. Por isso, o governo deve tentar adiar a sessão do Congresso se perceber que o risco de derrota é grande. A estratégia seria orientar os senadores da base aliada a não registrar presença, para que não seja alcançado o quórum mínimo para votação. Todos nós fomos sinceros. Há um risco grande de ser derrubado o veto ao reajuste. Esse risco vem diminuindo, mas continua. Acho que se a votação fosse na semana que vem, o governo levava, disse um líder de partido aliado. Se todos os vetos da pauta forem rejeitados, só as despesas extras previstas para 2016 vão praticamente anular quase todo o esforço de corte de gastos que o governo anunciou como parte do pacote de ajuste fiscal R$ 26 bilhões.
Para evitar esse rombo adicional ao Orçamento de 2016, que já tem previsão de déficit na ordem de R$ 30,5 bilhões, a presidente Dilma Rousseff também fez, pessoalmente, apelos parlamentares da base aliada para que mantenham os vetos presidenciais. O assunto foi tema das reuniões que a presidente teve com líderes de partidos aliados na Câmara e no Senado na semana passada.