Nomes do governo foram citados em delação de ex-diretor da Odebrecht; aliado diz que presidente está sereno e confia nas instituições.
O presidente Michel Temer saiu por volta das 22h da residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele ficou lá dentro por uma hora e meia participando do jantar com Maia, outros deputados de partidos aliados, e o ministro da Educação, Mendonça Filho, que é uma liderança importante do Democratas.
Eles discutiram o depoimento do acordo de delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Mello Filho e também conversaram sobre a pauta e votações da semana que vem.
Há uma grande preocupação de Temer em dar normalidade ao trabalho da Câmara e do Senado na semana que vem. Seria uma resposta a essa crise política.
O presidente também passou três horas no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República em conversas. Ele teve um encontro com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, com o líder do PSDB, deputado Antônio Imbassahy, e também com outras lideranças e outros participantes do governo.
Foi um domingo em Brasília de muitas conversas políticas que começaram no fim da tarde.
O presidente Michel Temer passou parte deste domingo (11) reunido com aliados no Palácio do Jaburu, em Brasília. Foram as primeiras reuniões depois que surgiram detalhes do acordo de delação premiada de um dos executivos da Odebrecht envolvendo o nome do presidente Temer e de ministros do governo.
O presidente Michel Temer chegou ao Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência por volta das 17h. Recebeu primeiro o secretário Moreira Franco.
Na tentativa de demonstrar um mínimo de normalidade, Temer manteve o café agendado com o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso, e o sogro dele.
Rosso saiu dizendo que Temer está tranquilo, sereno, e que nada vai fazê-lo perder o foco do ajuste fiscal. Rosso falou também que Temer disse a ele que confia muito nas instituições e na independência dos poderes.
No meio da maior crise do governo, o presidente Michel Temer acelera o fechamento de medidas de curtíssimo prazo para estimular a economia.
Rosso disse que o pacote para incentivar a geração de empregos e a produtividade das empresas vai ser divulgado ainda esta semana.
Temer deve reunir líderes dos partidos na Câmara na segunda-feira (12) à noite ou na terça-feira (13) para falar da importância de aprovar a reforma da previdência na Comissão de Constituição e Justiça.
E vai concentrar esforços também na aprovação da PEC que limita os gastos públicos, marcada para terça-feira, no plenário do Senado.
A prioridade do governo do presidente Temer de fato é o ajuste fiscal, a recuperação da economia, a retomada dos investimentos, disse Rosso.
No acordo de delação premiada, o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho cita 51 políticos de 11 partidos que teriam recebido doações legais ou caixa 2. E narra também como parte destes políticos retribuiu, atuando em defesa dos interesses da Odebrecht no governo e no Congresso.
Segundo Cláudio Filho, o presidente Michel Temer, quando ainda era vice, pediu diretamente doações em pelo menos uma ocasião. No Senado, a Odebrecht atuava através de Romero Jucá, Renan Calheiros e Eunício Oliveira, todos do PMDB. Na Câmara, os interesses da empresa eram defendidos principalmente por Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco, também do PMDB, e que formaram o primeiro escalão do Planalto quando Temer assumiu a Presidência. Além dos esquemas com as cúpulas do PMDB na Câmara e no Senado, Cláudio citou outros políticos como Rodrigo Maia, do DEM, atual presidente da Câmara, e Jaques Wagner, do PT, ex-governador da Bahia.
As respostas A maioria dos políticos citados é do PMDB. Todos negam as acusações. Em nota, o presidente Michel Temer disse que repudia com veemência o que chamou de falsas acusações de Cláudio Melo Filho. Segundo temer, todas as doações da Odebrecht foram feitas por transferência bancária e declaradas ao TSE. A nota diz ainda que não houve caixa 2 nem entrega em dinheiro a pedido do presidente. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que a acusação é mentirosa e que nunca tratou de arrecadação para deputados ou para quem quer que seja. O senador Romero Jucá, líder do governo no Congresso, negou que recebesse recursos para o PMDB e disse que está à disposição da Justiça. O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que jamais autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome em qualquer circunstância. Disse ainda que não há chance de serem encontradas irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais. O líder do partido no Senado, Eunício Oliveira, disse que todos os recursos arrecadados em suas campanhas foram recebidos de acordo com a lei e aprovados pela Justiça Eleitoral. Ele disse ainda que nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros nem recebeu recursos para aprovação ou apresentação de projetos no Legislativo. O secretário de Programas de Parcerias de Investimento, Moreira Franco, também disse que a acusação é mentirosa e afirmou que jamais falou sobre política ou recursos para o PMDB com Cláudio Melo Filho. O ex-ministro Geddel Vieira Lima disse que acha estranho o nome dele estar no depoimento já que todas as doações da Odebrecht à campanha dele foram declaradas à Justiça Eleitoral. Além desses políticos do PMDB, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM, negou com veemência ter participado de qualquer negociação com a Odebrecht. Ele disse que nunca recebeu vantagem indevida em troca de votações na Câmara e que todas as doações recebidas por ele foram legais e declaradas ao TSE. O Fantástico não conseguiu contato com o ex-ministro Jaques Wagner, do PT.