Planalto analisa estratégias para recorrer à Justiça.
A primeira reação do governo foi defender a presidente.
As reuniões no Palácio do Planalto sobre a abertura do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff começaram cedo nesta quinta-feira (3). Segundo deputados que foram convocados para uma reunião de emergência, o ministro Ricardo Berzoini pediu atenção dos líderes na hora de escolher os nomes que vão compor a comissão especial para analisar o pedido de impeachment. O Planalto diz que vai enfrentar o processo e pediu apoio integral dos aliados.
Dilma Rousseff começou o dia em reunião com o vice-presidente, Michel Temer, e com os ministros da Justiça, da Casa Civil, das Secretarias de Governo e de Comunicação Social. O planalto analisa estratégias para recorrer à Justiça contra o pedido de impeachment. A primeira reação do governo foi defender a presidente e partir para o ataque ao deputado Eduardo Cunha.
O ministro Jacques Wagner afirmou, em uma rede social, que o governo vai lutar para demostrar a fragilidade jurídica desta manobra irresponsável. Em nota, o ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, disse que o presidente da Câmara se sentiu encurralado e tenta amplificar o poder de chantagem.
Os líderes dos partidos aliados foram convocados para uma reunião no palácio do planalto. O momento agora é de muito equilíbrio, de muita harmonia, para que a gente possa respeitar a Constituição e que o Congresso possa ter a tranquilidade de fazer o seu trabalho sem nenhuma influência que não seja o respeito absoluto à Constituição, afirma o deputado Rogério Rosso, líder do PSD -DF
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No Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão interrompeu uma entrevista para falar com a presidente Dilma ao telefone. Depois, ele criticou o pedido de impeachment: É um erro, esta pauta não ajuda nada o país.
Ainda na quarta-feira (3), a presidente fez um pronunciamento ao lado de 11 ministros e disse que não há nada que justifique o pedido de impeachment: Eu recebi com indignação a decisão do sr. presidente da câmara dos deputados, de processo para pedido de impeachment contra mandato, democraticamente, conferido a mim pelo povo brasileiro. São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam este pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público, não possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses. Meu passado e meu presente atestam a minha idoneidade e meu inquestionável compromisso com as leis e a coisa pública.
A presidente também afirmou que não faz barganha: Nos últimos tempos e, em especial, nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no conselho de ética da câmara dos deputados, em troca haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment. Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipo de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, que bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública. Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto a improcedência deste pedido, bem como quanto o seu justo arquivamento. Não podemos deixar as conveniências e os interesses indefensáveis abalarem a democracia e a estabilidade do nosso país. Devemos ter tranquilidade e confiar nas nossas instituições e no estado democrático de direito.