Confusão foi entre os deputados Wellington Roberto e Zé Geraldo.
Parte dos deputados reclama de manobras para atrasar o processo.
Na quinta-feira (10) houve troca de tapas entre membros do Conselho de Ética, que existe para zelar pelo decoro parlamentar. Parte dos deputados reclama das seguidas manobras dos aliados de Eduardo Cunha para atrasar o andamento do processo contra o presidente da Câmara. O novo relator promete apresentar o parecer na próxima semana.
O temporal que atingiu Brasília não baixou a temperatura dentro do Congresso. No Conselho de Ética da Câmara, o tempo fechou por causa das seguidas tentativas de deputados aliados de Eduardo Cunha de atrasar o andamento das reuniões.
A confusão começou quando um deputado perguntou se iriam votar um pedido de afastamento de Cunha. O deputado Wellington Roberto, do PR, aliado do presidente da Câmara, protestou. Eu não tô acreditando que isso vai acontecer aqui, não. Se acontecer é um golpe! Isso é um golpe!, disse Roberto.
Zé Geraldo, do PT, reagiu e começou o bate-boca. A turma do Cunha quer bagunçar aqui hoje, presidente. É uma turma de bagunceiros. É tudo bagunceiro.
Bagunceiro é você! Bagunceiro é você, retrucou Roberto.
O presidente do Conselho pediu respeito. Não posso aceitar o que aconteceu aqui, agora. Esse espetáculo deprimente para essa casa. É um absurdo o que aconteceu. Envergonha todos nós. Envergonha essa casa, envergonha o Conselho de Ética, disse o deputado José Carlos Araújo PSD/BA, presidente do Conselho de Ética.
Aliados de Cunha reagiram às críticas. Este falso moralismo que quer fazer com que tudo que aconteça aqui que não agrade o outro é culpa do Cunha, diz o deputado Carlos Marun PMDB/RS
Depois de uma hora, o novo relator conseguiu falar. Marcos Rogério, do PDT, prometeu apresentar um parecer pela continuidade do processo contra Cunha na terça-feira (15).
Não atuarei com açodamento nem procrastinação. Serei, na condição de relator, um ajudante de cumpridor de regimento. Vou zelar pela probidade do processo, diz o deputado Marcos Rogério PDT/RO.
Fausto Pinato, do PRB, que foi afastado pela vice-presidência da relatoria do caso reclamou das interferências de Cunha no conselho. Se continuar desse jeito, vamos ter que renunciar ao nosso mandato no Conselho de Ética. Vamos todos renunciar porque o parlamento tá parado. Nós temos que fazer a coisa andar. Eu tô disposto, em nome do meu país, em nome da independência do Conselho de Ética, a renunciar do meu mandato no Conselho de Ética porque não quero fazer parte de uma história sem transparência, diz.
Com a chegada de um novo relator, ficou para a próxima semana a votação que irá definir se o processo que pode cassar o mandato de Eduardo Cunha continua. Logo depois, no plenário da Câmara, deputados a favor da investigação pediam ajuda externa para tirar Cunha do comando da casa.
É um conflito que a gente tem que pedir socorro a sociedade brasileira, às instituições de fora como Ministério Público, como o Supremo Tribunal Federal, para que a gente possa interferir porque a casa perdeu a legitimidade pra conduzir as ações, diz Júlio Delgado PSB/MG.
Ele conseguiu o que ele queria. Vai ficar provavelmente até abril dirigindo essa Câmara porque com essa decisão, semana que vem, mesmo que se faça 1, 2 ou 3 sessões, não vai votar. Depois, vem o recesso e essa coisa começa a contar de novo a partir do mês de março, diz o deputado José Geraldo PT/PA.
Para o presidente da Câmara, a troca do relator está prevista no regimento. Mas pode ser contestada por qualquer parlamentar.
Se alguém não se contenta com qualquer decisão proferida pelo presidente da Câmara ou quem a estiver exercendo, cabe recurso à Comissão de Constituição e Justiça. Então, a decisão está lá e pode ser recorrida por quem quer que seja. Se fosse diferente, eu mesmo recorreria, diz Cunha.