Pela primeira vez, Cunha enfrentou uma revolta no plenário. Dezenas de deputados deram as costas a ele e cerca de 100 deixaram o plenário.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conseguiu mais alguns dias antes da leitura do relatório que pede a continuidade do processo contra ele no Conselho de Ética. Deputados acusam o próprio Cunha de ter manobrado para conseguir adiar a sessão desta quinta-feira (19).
Uma hora e meia antes do horário marcado, a presidência da Câmara não havia liberado uma sala para a reunião do Conselho de Ética. As dificuldades estavam apenas começando. Com a sala liberada, aliados do presidente tentaram cancelar a reunião três vezes. Menos de 20 minutos depois do início dos debates e mais cedo do que de costume, Eduardo Cunha abriu a sessão no plenário e anunciou: Nada que aconteceu na comissão, em qualquer comissão, tem qualquer tipo de validade. O Conselho parou. As discussões do Conselho de Ética foram imediatamente para o plenário da Câmara, na presença do deputado Eduardo Cunha. Aliados de Cunha voltaram a pedir o cancelamento da sessão do Conselho de Ética. E conseguiram. Deputados de vários partidos protestaram. Não pode orientar alguém da Mesa a cancelar uma sessão que Vossa Excelência está diretamente envolvido, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O senhor está perdendo a cada dia a legitimidade de presidir, afirmou a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). E pela primeira vez, Cunha enfrentou uma revolta no plenário. Dezenas de deputados deram as costas a ele. Em seguida, cerca de 100 parlamentares deixaram o plenário. Os deputados seguiram para o Conselho de Ética, em mais um ato contra o presidente Eduardo Cunha. Lá, exibiram cartazes. Foi quando o presidente do Conselho, José Carlos Araújo, do PSD, revelou que o relator do processo contra Cunha, Fausto Pinato, do PRB, e a família receberam ameaças. Ele pediu à Polícia Federal segurança para Pinato. Vou fazer o papel que eu fui escolhido de maneira isenta e transparente, disse Fausto Pinato. O PSOL quer que a Justiça afaste Cunha do cargo por obstruir a investigação. Para que a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal tenham ciência de que aqui, sim, se usa o cargo da presidência para se proteger de uma investigação judicial, de uma investigação do Ministério Público, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Cunha negou: Eu não fiz manobra nenhuma e nem vou fazê-lo. Não há razão para isso, eu não estou preocupado com isso.