Suspeita de recebimento de propina ficou de fora do relatório preliminar.
À CBN, deputado disse que caso pode ser incluído após julgamento no STF.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PSD-BA), disse nesta quarta-feira (2) em entrevista à rádio CBN que a suspeita de que o presidente da Casa, Eduardo Cunha, recebeu propina em contrato da Petrobras para compra de navios-sonda poderá ser investigada pelo órgão.
Conselho de Ética analisa quebra de decoro
Na noite desta terça-feira (1º), o Conselho de Ética aprovou relatório preliminar para dar continuidade ao processo sobre Cunha no colegiado. De última hora, o relator Marcos Rogério (PDT-RO) retirou o trecho sobre a propina e manteve a investigação sobre Cunha ter mentido quando afirmou que não possuía contas no exterior.
Araújo afirmou que foi ele que pediu a modificação, pois era a “única maneira” de o texto ser aprovado na noite da terça. O presidente do conselho disse ainda que o mais provável é que a suspeita de recebimento de propina volte ao relatório se o Supremo Tribunal Federal, em sessão marcada para a tarde desta quarta, aceite denúncia contra Cunha no caso dos navios-sonda.
“Foi a única fórmula que nós achamos de aprovar o relatório ontem. Caso isso não fosse feito, nós estávamos correndo sério risco de não aprovar”, afirmou Araújo à CBN.
“Tiramos ontem e podemos colocar amanhã, porque hoje, no julgamento do Supremo é muito provável que o Eduardo Cunha vire réu e, virando réu, essa coisa vai voltar ao relatório, porque o que ficou acertado é que tiraríamos naquele momento para aprovação, mas, se durante a investigação essa coisa aparecesse, voltaria ao relatório, e com certeza deve voltar”, completou o deputado.
A aprovação do relatório prévio de Marcos Rogério se deu por 11 votos a 10, após Araújo dar o voto de minerva e desempatar o placar. A sessão havia sido iniciada por volta de 14h30, mas foi interrompida quando Cunha abriu, no plenário, a ordem do dia (quando não pode haver deliberação nas comissões da Casa). Ele manteve a ordem do dia aberta té 23h, mesmo com o plenário praticamente vazio, e foi acusado por críticos de estar manobrando para evitar a sessão do conselho.
“O grupo do Eduardo Cunha fez todas as manobras possíveis e imagináveis. Ontem foi um absurdo”, afirmou Araújo na entrevista. “Ele manteve a ordem do dia até 23h15, com apenas 4 ou 5 deputados no plenário e ele insistindo com o plenário na ordem do dia e os lideres ligados a ele falando nada com nada que tinha a ver com o projeto que ia ser votado, mas ele insistiu numa manobra regimental” disse o presidente do Conselho de Ética.