A estratégia dos aliados de Eduardo Cunha deu resultado. Mais uma vez, foi adiada a votação do relatório sobre a cassação do mandato dele.
Do lado de fora do prédio da Câmara, um grupo de manifestantes pedia o afastamento de Eduardo Cunha. Lá dentro, a sessão do Conselho de Ética começava com um desabafo do presidente. Não tem a quem recorrer. Não há uma instância em que o Conselho de Ética possa recorrer. A Mesa decidiu, manietou, engessou, disse o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA). José Carlos Araújo decidiu pedir que o Supremo Tribunal Federal derrube a decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, que em dezembro anulou a votação do relatório que mandou investigar Cunha. Em seguida, ele colocou em votação, pela segunda vez, o relatório do deputado Marcos Rogério, que também pede a investigação das denúncias contra Cunha. O relatório traz duas novas acusações. Ter outras cinco contas bancárias no exterior e mentir que nunca esteve com Fernando Baiano, acusado de ser operador do PMDB no esquema da Petrobras. O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, pediu ao Conselho mais dez dias para preparar uma nova defesa.
Na terça-feira (16), o mesmo pedido foi feito ao Supremo. Araújo disse não. Então, o advogado negou que Cunha tenha contas no exterior. E disse que não há prova das acusações. Não se faz aqui investigação nesse Conselho, delação não faz prova. Denuncia não é prova. Não serve para nada essa imputação, afirmou Marcelo Nobre. Eduardo Cunha disse que vai continuar questionando decisões do Conselho. Cada decisão equivocada que ele tá dando será objeto de contestação. E as decisões dele que forem corretas serão implementadas, disse Cunha.
E mais uma vez o relatório não foi votado. Ficou para semana que vem, porque o deputado Wellington Roberto, do PR da Paraíba, aliado de Cunha, pediu vista, mais tempo para analisar o relatório, sob o protesto de quem nunca viu no Conselho de Ética tantas idas e vindas sem que o processo saia do lugar.
Ou o Supremo afasta da presidência da Casa o deputado Eduardo Cunha ou nada andará contra ele aqui. Porque ele vai usar do poder que tem que ele tem para evitar que o processo contra ele ande. É isso que está evidente, afirmou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).
O ministro do Supremo Luís Roberto Barroso negou, na noite desta quarta-feira (17), pedido do advogado de Eduardo Cunha, que queria mais dez dias para apresentar a defesa ao Conselho de Ética, antes da votação do relatório.