Presidente do Conselho de Ética concedeu mais tempo para análise do relatório que pede investigação sobre o presidente da Câmara.
Aliados de Eduardo Cunha conseguiram adiar a decisão sobre o andamento do processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Só que, depois, eles procuraram a oposição para tentar um acordo.
Foi uma sondagem, um balão de ensaio. O plano é o seguinte: o presidente da Câmara autoriza a abertura de processo de impeachemnt e em seguida renuncia à presidência. Essa ideia não tem o aval de Eduardo Cunha. Na terça-feira (24), a oposição tentou obstruir os trabalhos no plenário para dificultar a atuação de Eduardo Cunha na presidência da Câmara.
Olhar fixo no painel. A todo momento Eduardo Cunha mostrava preocupação com o número de deputados no plenário. Estava em andamento a queda-de-braço com PSOL, Rede, PSB, democratas, PPS e PSDB – que começavam a cumprir a ameaça de obstruir as votações no plenário até Cunha deixar a presidência da Câmara.
“Chega presidente, levante-se, mostre que tem a grandeza de perceber que não pode utilizar-se do próprio cargo para defender-se”, discursou o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio, de SP..
“Isso é levar o Parlamento aos níveis mais baixos do seu funcionamento”, lamentou o líder do PSOL, Chico Alencar.
Cunha teve no PT e outros partidos governistas apoio para enfrentar a obstrução.
“Chamamos todos os deputados da base para que venham ao plenário, vamos enfrentar a obstrução e votar os temas de interesse do país”, convocou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).
Em vários momentos houve bate-boca e dedo em riste entre deputados governistas e de oposição.
Foram mais de três horas para o governo conseguir aprovar o texto principal da Medida Provisória que autoriza a venda de imóveis da União. Uma Medida Provisória sem qualquer polêmica. Cunha venceu a primeira batalha. Mas a oposição mostrou que daqui para frente cada votação vai virar uma guerra.
Mais cedo, no Conselho de Ética, o advogado de Cunha defendeu a substituição do relator, o deputado Fausto Pinato (PRB- SP), sob a acusação de antecipação de voto e cerceamento de defesa. O presidente do Conselho respondeu “não”.
“De pronto, este presidente rejeita a preliminar”, sentenciou o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), presidente do Conselho de Ética.
O relator leu o voto que pede que o Conselho inicie investigações contra Eduardo Cunha.
“A afirmação do representado de que não tem qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada em seu Imposto de Renda deve ser melhor analisada, haja vista que há pronunciamento oficial por parte da Procuradoria-Geral da República afirmando peremptoriamente que o representando, de fato, é possuidor de contas na Suíça”, leu o relator, deputado Fausto Pinato (PRB-SP).
Em seguida, a sessão foi suspensa porque aliados de Eduardo Cunha pediram mais tempo para analisar o relatório.
A próxima reunião do Conselho foi convocada para a terça-feira que vem (1º). Cunha disse que não renuncia à presidência e criticou a representação do relator.
“Isso não tem amparo, isso é uma peça pífia, isso aí é somente de natureza política, eu estou tranquilo em relação a tudo”, afirmou Eduardo Cunha.
Nesta quarta-feira (25) os partidos que querem a saída de Cunha vão à Procuradoria-Geral da República requerer o afastamento de Cunha da presidência da Câmara.