O presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, afirmou nesta quinta-feira (13) que somente um dilúvio poderá levar o sistema Cantareira à normalidade em 2015.
“Qual a solução para essa situação [falta de água na Cantareira]? Chuva. E se não chover, e muito, porque acabei de demonstrar para vocês que para chegar ao nível do início de 2014 com o que tem, nós precisamos de um dilúvio. Dilúvio”, afirmou Andreu durante audiência pública convocada pelo deputado Guilherme Campos (PSD-SP) na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados.
O presidente da ANA defendeu que seja apresentada para a população a perspectiva de que é necessário um racionamento imediatamente para garantir algum abastecimento regular no próximo ano. Ele afirmou ainda que o volume de chuvas em 2014 na região do Cantareira foi em média 50% abaixo do pior ano de uma série histórica de 84 anos, o que levou à crise hídrica atual.
Andreu apresentou números mostrando que hoje o nível do Cantareira teria 20% abaixo do mínimo, se for desconsiderada a entrada de água decorrente do volume morto. E, para chegar aos cerca de 20% que os reservatórios tinham em janeiro de 2014, seria necessário chover quase 130 m3/s na região nos próximos dois meses. Esse nível é quase 20% acima dos melhores anos já registrados, segundo ele.
O principal problema é a escassez de chuva pela qual passa a região. Em novembro, por exemplo, nos dez primeiros dias não se chegou a 50% do mínimo de chuvas já registrados no mês, o que mantém a tendência de que choverá abaixo do mínimo para os próximos meses.
“A maior região econômica do país está refém das chuvas”, afirmou Andreu, lembrando que as obras anunciadas pelo governo estadual em parceria com o governo federal só terão algum efeito daqui a um ou dois anos.
Das nove pessoas convocadas para a audiência pública, compareceram apenas o presidente da ANA e a procuradora da República Sandra Shimada Kishi, responsável pela área de abastecimento no Ministério Público Federal em São Paulo.
A justificativa da presidente da Sabesp, Dilma Pena, para não comparecer foi a falta de tempo, pois está empenhada em resolver o problema do abastecimento. Já o secretário de Saneamento de São Paulo, Mauro Arce, afirmou que não compareceria por ter outros compromissos agendados previamente.
O deputado Campos afirmou que a postura do governo paulista é irresponsável por não alertar à população sobre a gravidade do problema e não tomar medidas para reduzir o consumo.
“Se não houver o dilúvio, vai faltar água”, disse o deputado Guilherme Campos, lamentando as perspectivas otimistas que o governo de São Paulo está adotando. “Quando for chamada para a gravidade do problema, a população vai contribuir”.
OUTRO LADO
A Sabesp informou nesta quinta que segue as determinações dos órgãos reguladores na retirada de água dos reservatórios.
“A empresa ainda não está retirando água da segunda cota da reserva técnica, sendo que ainda há cerca de 0,2% da primeira parte, algo entre 20 e 25 bilhões de litros de água. Caso não haja incremento significativo de chuvas, a retirada de água da segunda cota pode começar nos próximos dias”, diz em nota.