Folha de S. Paulo | Poder: PP entrega seus cargos após maioria apoiar impeachment

GOVERNO SITIADO

TEMOR DE DEBANDADA

PRB também se posicionou contra Dilma; PR e PSD dão sinais de afastamento

Movimentação desta terça levou o Planalto a temer um ‘efeito manada’ que consiga derrotá-lo no domingo

A dnco dias da votação do parecer que pede a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, fatias expressivas de partidos com os quais o Palácio do Planalto negoda cargos e verbas anunciaram nesta terça-feira (12) o abandono do governo ou a ameaça de desembarque da base aliada.

A movimentação levou o Planalto a temer um “efeito manada”, criando uma onda que leve à aprovação do parecer pró-impeachment no domingo (17), data em que o plenário da Câmara decide se autoriza ou não a abertura do processo contra Dilma.

Aliados alertaram o governo que a presidente precisa reagir com urgência para tentar segurar votos no PP, PR e PSD, caso contrário será impossível evitar uma denota.

Na noite desta terça, o governo já admitia que não teria mais condições de fechar um acordo oficial com as três siglas, o que foi considerado um grande revés, e buscaria uma estratégia alternativa de conquistar votos dissidentes em cada uma delas.

As más notícias nesta terça (12) para o governo – que na véspera viu o relatório próimpeachment ser aprovado na comissão especial por 38 votos a 27- começaram com o PP, que logo pela manhã fez uma reunião prévia em que detectou larga margem de apoio ao impeachment entre seus 47 deputados, a quarta maior bancada da Câmara.

Em outro encontro, à tarde, a bancada se posicionou majoritariamente favorável à destituição de Dilma- 31 a 13. Com isso, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), colocou à disposição de Dilma os cargos que o partido tem, em especial o Ministério da Integração Nacional.

“Foi uma decisão que eu não defendia, não vou negar, mas não me cabe outra alternativa senão acatar a decisão da maioria da bancada. O partido solicitou a carta de renúncia de quem ocupa cargo no governo como gesto de grandeza e lealdade**, disse Nogueira após receber em seu gabinete o líder da bancada do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB).

Na tentativa de barrar o impeachment, Dilma tinha oferecido ao PP o Ministério da Saúde,o maior orçamento da Esplanada, e a presidência da Caixa Econômica Federal.

O vice Michel Temer (PMDB), porém, contra-atacou. Aliados do vice se reuniram com lideranças do PP para argumentar que a situação de Dilma é incontornável e para oferecer participação num futuro governo dele.

SURPRESA

O Planalto foi surpreendido pela manhã com a notícia de que o PP não cumpriria o acordo fechado com a chancela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a tarde, ministros petistas e o próprio ex-presidente apostavam que o PP não fecharia questão na bancada e, portanto, ainda poderiam abordar 13 ou 14 deputados entre os indecisos e favoráveis a Dilma.

Segundo o comando do PP, não haverá punição para os deputados que votarem contra a orientação da maioria.

Ciro Nogueira avisou o Planalto que não teve como segurar sua sigla depois que PR e PSD não fecharam apoio ao governo. Seu partido não aceitou ficar isolado no suporte a Dilma, sob risco de inviabilizar eventual adesão a uma gestão Temer.

Para o afastamento ser aprovado, são necessários 342votos dos 513 deputados.

Maior bancada da Casa, com 66 deputados, o PMDB também reunirá sua bancada até esta quinta (14).

Aliados de Temer tentam aprovar o chamado “fechamento de questão** a favor do impeachment. O líder, Leonardo Picdani (RJ), que mantém a fidelidade a Dilma, já afirmou que irá defender, no plenário, a posição que a maioria da bancada decidir.

Outro importante foco de assédio do governo, o PR, se mostrou rachado. Até então líder da bancada, Maurício Quintella Lessa (AL) deixou o cargo para votar contra Dilma. Ele diz ter 26 dos 40 votos da sigla. O novo líder, Aelton Freitas (MG), porém, divulgou nota dizendo que o PR dará “larga margem** de votos para Dilma no domingo. O governo conta com um lote de 20 a 25 votos do PR.

No PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades) a situação não é melhor. Dos 36 deputados, apenas 7 davam certeza de voto para Dilma, podendo chegar a no máximo dez, segundo contagem interna.

O líder da bancada, Rogério Rosso (DF), vai reunir o partido nesta quarta. Ele é favorável à saída de Dilma.

Já o PRB, que já havia desembarcado, formalizou o apoio integral dos 22 deputados ao impeachment (Débora Alvares, marina dias, Isabel Fleck. RANIER BRAGON, VALDO CRUZ, DANIELA LIMA E CATIA SEABRA)

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