Folha de S. Paulo | Poder: Pior baque foi recusa de ex-aliados do Rio em atender telefonemas

DA EDITORA DO PAINEL

Nos últimos dias pré-votação do impeachment, as tradicionais broncas rarearam muito. Dilma mantinha-se tranquila, mas não escondia o cansaço. Alguns a percebiam triste ou contemplativa.

Auxiliares afirmam que o pior da crise não é enfrentar os inimigos, mas perder os que se diziam amigos.

Os relatos sobre qual teria sido o pior dia da crise apontam um mesmo evento: o dia em que nenhum aliado do PMDB do Rio atendeu aos telefonemas da presidente.

No feriado de Páscoa, Dilma recebeu sinais de que os peemedebistas do Estado ameaçavam desembarcar. Nos últimos cinco anos, a petista se aproximara muito de Sérgio Cabral, ex-governador, do prefeito Eduardo Paes e, sobretudo, de Luiz Fernando Pezão, de quem ficara amiga.

Naquele domingo, petista, auxiliares e ministros tentaram contato. Sem sucesso.

Com as chamadas não atendidas, Dilma foi se dando conta da realidade. M Foi a primeira vez que a vi realmente baqueada”, disse um ministro sob condição de anonimato.

Dali em diante, muitos lhe virariam as costas. Rogério Rosso, presidente da comissão do impeachment na Câmara, é apontado como um deles. Antes, mandava modelos de bicicleta à presidente para se aproximar.

Gilberto Kassab, um dos poucos que desfrutavam do convívio presidencial, também pulou do barco. O Planalto notou as movimentações do então ministro das Cidades: sala do Planalto e, horas depois, alguém o via no Palácio do Jaburu, onde mora o vice Michel Temer.

Todos refutam a ideia de traição. Apontam erros do governo como responsáveis por destruir a base na hora da necessidade. Dizem que Dilma provou o pior da política.

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