Planalto também tem preocupação de que Cunha decida acusar políticos da base
DE BRASÍLIA
Duas avaliações apareceram de maneira generalizada no Planalto após a decisão do Conselho de Ética de aprovar relatório pela cassação do mandado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Primeiro, a preocupação de que o processo contra o peemedebista acabe paralisando a agenda de votações da Casa. Depois, o temor de que, sentindo-se acuado, Cunha inicie uma série de acusações contra integrantes do governo e do Congresso.
Segundo auxiliares do presidente interino, Michel Temer, é “crucial” para o governo que um novo presidente da Câmara seja escolhido o quanto antes para que as ações no Legislativo “andem mais naturalmente”.
O problema, ponderam assessores de Temer, é que os nomes favoritos do Planalto para o posto – Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO)- não querem assumir um “mandato tampão” até fevereiro de 2017, quando haveria nova eleição para o comando da Câmara.
O potencial político do revés sofrido por Cunha foi evidenciado pelo advogado de defesa de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo.
Cardozo afirmou que o Conselho de Ética acertou ao opinar pela cassação. “Está muito claro que é insustentável a manutenção do mandato do deputado Cunha. Tudo o que se sabe hoje comprova que a conduta dele é incompatível com o exercício parlamentar“, disse. (MARINA DIAS E DANIELA LIMA)