BRASIL EM CRISE
Mas a decisão deve ser anulada nesta semana por aliado do peemedebista
Recurso será analisado pelo vice-presidente da Câmara, o mesmo que destituiu o relator que não agradava Cunha
RANIER BRAGON DE BRASÍLIA
Depois de mais de dois meses e sete adiamentos, o Conselho de Ética aprovou nesta terça (15) o parecer preliminar que dá sequência ao processo de cassação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A superação dessa fase inicial – só para dizer se há indícios mínimos para o processo- se deu por 11 votos a 9. Mas a votação deve ser anulada ainda nesta semana pelo vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), aliado de Cunha.
A Mesa Diretora, chefiada por Cunha, decidiu na noite desta terça encaminhar a Maranhão a decisão sobre o recurso apresentado pela tropa de choque do peemedebista.
Na semana passada. Cunha patrocinou a destituição do relator do caso. Fausto Pinato (PRB-SP), atendendo a recurso de seus aliados.
Agora, os aliados de Cunha argumentaram que a troca de relator justifica um novo pedido de vista – que foi negado pelo plenário da Comissão sob a alegação de que já havia sido feito anteriormente.
O discurso dos aliados de Cunha é o de que a decisão de de trocar o relator – sacramentada por Maranhão- anulou todas as ações capitaneadas por Pinato. E que o relatório do novo relator. Marcos Rogério (PDT-RO), embora tenha a mesma conclusão, é um novo texto. Esse entendimento será corroborado pela área técnica da Casa e deve ser chancelado por Maranhão.
O prazo de conclusão de todo o processo de cassação, iniciado no dia 13 de outubro, não poderia, pelas regras da Casa, ultrapassar 90 dias úteis. Com as manobras protelatórias, o prazo de conclusão tomou-se imprevisível.
A ação de busca e apreensão na casa de Cunha e em dependências da Câmara foi um tema central dos debates desta terça no Conselho. Aliado do peemedebista, Carlos Marun (PMDB-MS) fez paralelo com a ditadura, dizendo que deputados estão sendo intimidados a votar M sob as armas da Polida Federal”.
O advogado Marcelo Nobre disse que a ação reforça a defesa, já que explicitaria que os investigadores não têm provas contra seu cliente.
O deputado Sérgio Morais (PTB-RS), que se notabilizou por dizer há alguns anos que se lixava para a opinião pública, disse que são os rivais de Cunha que o estão auxiliando: “O senhor [se dirigindo ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo] tomou uma decisão que será anulada […] Quem está ajudando Eduardo Cunha a protelar esse processo é o batalhão anti-Cunha”.
Júlio Delgado (PSB-MG) rebateu, fazendo menção à ação da PF: “Ele [Cunha] já se expôs, expôs sua família e agora expõe o Parlamento”.
Cunha também disse considerar nula a decisão do Conselho. Segundo ele, os deputados do colegiado “fizeram o jogo da plateia” para encobrir o processo de impeachment contra Dilma Rousseff.