A renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara foi motivada, entre outras coisas, pela intenção dele e de aliados para que novas eleições ao comando da Casa sejam convocadas antes do recesso que começa no final da semana que vem.
Ao mesmo tempo, no Palácio do Planalto, a ordem é evitar a todo custo que uma eventual interferência abra uma guerra na base aliada pela cadeira de Cunha.
O desejo do presidente interino, Michel Temer, é que os partidos que o apoiam encontrem um nome de consenso para encabeçar uma chapa do governo.
O presidente sabe, porém, que a tarefa é difícil, dado o número de deputados que já ensaia nos bastidores o lançamento de candidatura.
Os ministros do Planalto foram informados que Cunha de cena horas antes de o peemedebista deixar a residência oficial rumo ao Congresso. As primeiras informações de que ele havia decidido renunciar foram passadas pelos líderes da Câmara.
A estratégia dos aliados de Cunha em acelerar a escolha do novo presidente, porém, esbarra no desejo do atual, Waldir Maranhão (PP-MA), duramente criticado no discurso de renúncia de Cunha.
Os aliados de Maranhão têm dito que ele vai resistir, na tentativa de permanecer o maior tempo possível na cadeira. Em tese, a eleição deve ocorrer num prazo de cinco sessões.
Pouco antes de o agora ex-presidente chegar à Câmara, parlamentares ligados a ele se reuniram num gabinete do PRB para tratar da sucessão.
Estavam presentes Carlos Marun (PMDB-MS), Rogério Rosso (PSD-DF), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Márcio Marinho (PRB-BA), Sérgio Souza (PMDB-PR) e Hugo Motta (PMDB-PB). Rosso é um dos cotados para a nova eleição.
Durante a conversa no PRB, lembrou-se que, quando Severino Cavalcanti Cavalcanti deixou o comando da Casa, em 2005, foram convocadas novas eleições em dois dias, sinalizando a intenção dos parlamentares de imprimir a maior celeridade possível de escolha do novo presidente.