Ao iniciar a última sessão da comissão do impeachment da Câmara, na qual será votado o parecer do relator –favorável ao afastamento de Dilma Rousseff–, o presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF) disse que “qualquer previsão de resultado é futurologia”.
“Hoje qualquer previsão de resultado é futurologia. Naquele momento [do impeachment de Fernando Collor] de 1992, era difícil de errar o resultado”, disse Rosso.
Levantamento feito pela Folha mostra que já há os 33 votos necessários para a aprovação do relatório pelo afastamento da presidente. A votação deve ter início após as 17h.
Rosso também usou seu discurso de abertura para criticar a instalação de uma cerca na Esplanada dos Ministérios, da frente do Congresso até a rodoviária. Ela servirá para separar manifestantes contrários e a favor do impeachment nos dias de votação.
“Cada vez que se ergue um muro se segrega um povo. Este não é o momento de dividirmos um país ainda mais”, disse. “Não é hora de construir muros, mas de deixarmos as disputas de lado para que, ao final desse processo, independentemente do resultado possamos nos unir para superar as crises que assolam o país.”
O presidente da comissão terminou citando a Oração de São Francisco de Assis, que diz, entre seus versos: “onde houver discórdia, que eu leve a união”.
Ainda nesta manhã fala na comissão o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa de Dilma. Ele terá entre 15 e 20 minutos.
Os líderes dos 25 partidos e os dois líderes da minoria e da maioria também terão tempo para discursar. Rosso tentará um acordo com os líderes para que todos tenham o mesmo tempo de fala. Pelo regimento, o tempo varia entre três e dez minutos, de acordo com o tamanho das bancadas na casa.
CONFUSÃO
Antes da abertura da sessão, houve confusão entre parlamentares por causa do registro para a votação.
Deputados do PMDB disputaram aos gritos o direito de registrar primeiro a presença na comissão. Vitor Valim (PMDB-CE) e Hildo Rocha (PMDB-MA) são suplentes na comissão, mas um dos dois deve votar já que Washington Reis (PMDB-RJ), titular, não irá comparecer por alegadas razões de saúde.
Valim, que é a favor do impeachment, afirmou ter chegado mais cedo e acusou o colega de querer furar a fila. Rocha, contra o impeachment, disse que chegou mais cedo.
Também favorável à destituição de Dilma, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) acusou os governistas, aos berros, de não ter moral a ponto de querer furar filas.