Eleito presidente da comissão especial que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputados federal Rogério Rosso (DF) anunciou neste sábado (19) que se afastará temporariamente do posto de líder do PSD na Câmara dos Deputados durante os trabalhos do colegiado parlamentar.
Em nota, ele informou que o objetivo da iniciativa é preservar “sua imparcialidade” e o “foco absoluto” na comissão do impeachment. No período, o vice-líder do PSD, Paulo Magalhães (BA), assumirá o comando da bancada federal da sigla, que faz parte da base aliada da presidente.
Com estreita relação com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Rosso reconheceu em entrevista à Folha que, além da questão jurídica, o “aspecto político e das ruas” será levado em conta na definição dos votos no colegiado parlamentar.
Seu nome chegou a enfrentar resistências do Palácio do Planalto, que preferia que Paulo Magalhães presidisse a comissão especial, já que é ligado ao chefe de gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner.
A avaliação do governo federal é que, diferente de Magalhães, Rosso não é um parlamentar experiente, já que está em seu primeiro mandato completo, e, apesar de ser aberto ao diálogo, é considerado “volúvel”, ou seja, que pode ser influenciado pelas pressões das ruas.
Em uma sessão tumultuada, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira (17), por 433 votos contra um, a lista dos 65 deputados que irão compor a comissão especial.
Ao todo, 24 partidos indicaram deputados para a comissão, na proporção do tamanho de suas bancadas parlamentares.
Embora no papel o governo federal tenha maioria, na prática há uma divisão equilibrada entre apoiadores e adversários da presidente, com tendência de o grupo pró-impeachment crescer nos próximos dias.
O até agora aliado PMDB, por exemplo, três das oito cadeiras serão ocupadas por deputados declaradamente favoráveis à destituição da petista.
Com sua instalação na quinta-feira (17), a comissão tem um prazo de funcionamento de até 15 sessões do plenário da Câmara dos Deputados – são dez sessões para a apresentação da defesa da presidente e mais cinco para a votação do relatório.
A palavra final será dada pelo plenário da Câmara dos Deputados, em votação aberta e com chamada no microfone. O Senado Federal é autorizado a instaurar o processo de impeachment caso pelo menos 342 dos 512 deputados votem nesse sentido.