Um dos principais aliados de Eduardo Cunha, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) afirmou nesta quarta-feira (19) que o ex-presidente da Câmara já esperava a prisão e que só fazia um comentário sempre que abordava o assunto: a de que vai escrever um livro.
O deputado cassado tem manifestado a intenção de fazer revelações no livro, o que alimenta o temor de grande parte do mundo político em Brasília: o de que o ele feche um acordo de delação premiada com as autoridades.
“Ele já estava esperando [a prisão], disse que o processo ia seguir, mas que havia uma tendência grande de haver a prisão dele. (…) Daí só falava que ia escrever o livro dele. Agora vai ter mais tempo para isso”, disse Paulinho, afirmando não saber se o aliado irá ou não negociar uma delação.
O deputado disse ter conversado com Cunha pela última vez na semana passada.
Candidato à presidência da Câmara em julho com o apoio de Cunha, Rogério Rosso (PSD-DF) afirmou que o importante é não haver impacto sobre as votações prioritárias do governo. “É uma ação do Judiciário, que tem que ser respeitada. É claro que ele é um ex-presidente da Câmara, ex-parlamentar, mas na minha opinião o Legislativo é independente e isso não afetará as reformas, que é o mais importante agora.”
Rosso, que foi derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ter conversado pela última vez com Cunha no início de setembro, antes da votação que retirou o mandato do peemedebista. O parlamentar do PSD votou a favor da cassação de Cunha.
Após o anúncio da prisão, aliados do deputado cassado evitavam atender aos telefonemas. Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais defensores da manutenção do mandato do peemedebista, negou que estivesse em contato com o aliado.
Responsável pela articulação política do governo de Michel Temer, Geddel Vieira Lima (Governo) faria uma reunião com líderes da base governista na tarde desta quarta. Oficialmente, o tema do encontro será a organização para a votação dos projetos econômicos defendidos pelo Palácio do Planalto.