Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu com as bancadas dos dois partidos e ouviu críticas de que o ajuste proposto onera apenas o setor produtivo, os trabalhadores e os pensionistas
A conta do ajuste fiscal deve ser dividido também com o sistema financeiro, e não apenas com trabalhadores e empresas. Depois da polêmica em torno da limitação seguro, pensões, abono salarial e revisão de parte das concessões feitas ao setor produtivo, parlamentares propuseram ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que compense a perda da arrecadação esperada pelo governo com o ajuste fiscal com o aumento da tributação dos bancos.
“Quero saber quando vossa senhoria mandará para esta casa uma medida para fazer um ajuste nos bancos?”, questionou o deputado Laudivio Carvalho (PMDB-MG) durante audiência nesta terça-feira (19) do ministro Levy com a bancada do PMDB na Câmara. Parlamentares do partido questionaram a natureza das medidas que fazem parte do ajuste fiscal enviadas até o momento para o Congresso.
“Vocês vão fazer o ajuste em cima da indústria, do serviço. O setor financeiro não está nesse pacote do ajuste fiscal. Peço a vossa excelência que me dê o argumento”, prosseguiu Leonardo Quintão (PMDB-MG).
A argumentação dos deputados era a de que tanto a indústria quanto os serviços enfrentam dificuldades devido a queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Como mostrou o Fato Online, no primeiro trimestre deste ano, 316 empresas com ações listadas na Bovespa tiveram queda de 7,8% no seu faturamento na comparação com o mesmo período de 2014. Por outro lado, o lucro dos bancos saltou 42% no período.
“Nós agora temos que fazer eles pagarem. Eles já ganharam muito dinheiro neste país”, questionou Carlos Henrique Gaguim (PMDB-TO).
CSLL
Levy reuniu-se também com o PSD, onde também foi questionado sobre o papel dos bancos no ajuste fiscal. O líder do partido na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF), propôs ao ministro elevar a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) dos atuais 15% para 20%.
“O ministro apenas olhou e não se posicionou se concorda ou não com a proposta”, contou Rosso.
Recentemente, o governo ventilou a possibilidade de aumentar a contribuição para 17%. Levy, que até antes de ser ministro era alto executivo do Banco Bradesco, disse a época que o governo estava tomando as ações que eram necessárias. Mas não confirmou o aumento.