Brasília — Na véspera da reunião do Diretório Nacional do PMDB que deve aprovar o rompimento do partido com o governo Dilma, outras legendas do chamado “centrão” da base aliada começaram a dar sinais mais fortes de que também poderão desembarcar em breve. À frente do Ministério das Cidades, o PSD decidiu liberar seus 31 deputados para votar como quiserem em relação ao impeachment na Câmara. O PP, que comanda o Ministério da Integração, já cogita também liberar oficialmente sua bancada, a terceira maior da Casa, com 49 parlamentares.
No PSD, a liberação teve anuência do ministro das Cidades e presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab. Apesar de a notícia ter vindo à tona somente ontem, deputados afirmam que o líder do partido na Câmara, Rogério Rosso (DF), já tinha anunciado a liberação desde antes de se tornar presidente da comissão do impeachment.
De acordo com um dirigente do PSD, atualmente, pelo menos 70% da bancada da Câmara é favorável ao impeachment. Esse líder afirma que a tendência é de que, assim como os deputados, a bancada do partido no Senado, composta por três senadores, também seja liberada para votar como quiser.
No PP, o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), já admite que não terá como segurar suas bancadas, principalmente se o PMDB desembarcar oficialmente do governo. Na semana passada, dirigentes do partido já informaram à presidente Dilma Rousseff dessa dificuldade.
Pelos cálculos da direção da sigla, dos 49 deputados do PP, pelo menos 15 são a favor do impeachment, enquanto os outros “aguardam” definição oficial do partido. “Só conseguimos garantir os 35 votos para o governo se for para o governo ganhar. Se for para perder, não conseguimos”, afirmou um interlocutor de Nogueira.
Na semana passada, parlamentares do PP pró-impeachment entregaram ao presidente do partido uma lista com assinaturas de 22 deputados e de 4 dos 6 senadores, pedindo a antecipação da convenção nacional da legenda, para discutir o desembarque do governo Dilma Rousseff. Ciro prometeu marcar uma nova reunião das bancadas para tratar do assunto, mas ainda não definiu a data do encontro. O objetivo do dirigente é “ganhar tempo” e só deixar uma decisão oficialmente sobre rompimento para depois que outros partidos da base anunciarem desembarque.
A liberação das bancadas pelo PSD e, possivelmente, pelo PP deverá dificultar ainda mais o trabalho de Dilma para se salvar do impeachment. A presidente precisa de pelo menos 171 votos para barrar o impeachment na Câmara. O governo só tem 100% certo os votos de todos os deputados do PT, PDT e PCdoB.
Enquanto isso… …Ministro do PR promete resistir Além do PMDB, o PR, outro importante partido da base aliada, deve se reunir hoje para decidir se continua ou desembarca definitivamente do governo Dilma Rousseff. Ainda sem horário confirmado (portanto pode acontecer depois da reunião do PMDB), o encontro vai tratar de alinhar um discurso pró ou contra a continuidade desse governo. O ministro dos Transportes Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), o Carlinhos, disse que se depender dele, “o partido não sai do governo de jeito nenhum”. “Não saio do governo, faço parte do governo Dilma”, garante o ministro. Rodrigues pondera que o partido esteve até agora ocupando cargos importantes no governo e que não seria correto abandoná-lo nesse momento. Além de ministro, Carlinhos é o primeiro suplente no Senado, na vaga de Marta Suplicy (PMDB -SP). Com uma longa carreira de vereador em São Paulo, o ministro também é conhecido como um habilidoso articulador político. O ministro diz não saber se essa é a posição hegemônica na sigla (pró-governo), mas garante que vai trabalhar para convencer seus pares. O PR tem 40 deputados.