Governo e oposição ainda não contam com a maioria dos votos no colegiado que analisa o impeachment. Levantamento do Correio/EM mostra que hoje está 31 a 25 contra Dilma
Julia Chaib, Naira Trindade e Paulo de Tarso Lyra Hédio Ferreira Júnior Especial para o Correio/EM
Brasília — A primeira votação que definirá o futuro político da presidente Dilma Rousseff na comissão especial da Câmara que analisa a admissibilidade do processo de impeachment contra a petista deverá ter resultado apertado. Levantamento feito pelo Correio Braziliense/Estado de Minas com parlamentares mostra que hoje nem a oposição nem o governo atingiram maioria simples de 32 votos no colegiado, formado por 65 deputados. O presidente, Rogério Rosso (PSD-DF), só vota em caso de empate, por isso, não foi incluído na contagem. Sem contá-lo, mas incluindo o relator Jovair Arantes (PTB-GO) — cujo parecer tende a ser pelo impeachment –, há oito deputados indecisos. Dois deles, líderes de bancada — Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Maurício Quintella (PR-MG) –, estão em meio a negociações de cargos com o governo, indicando que o Planalto pode levar dois votos ou mais se eles conseguirem virar as bancadas.
O objetivo do governo é barrar o impeachment já na Câmara e evitar que o Senado tenha de se debruçar sobre a decisão de abrir processo contra Dilma. Hoje, há mais parlamentares a favor do impeachment do que contra: 31 a 25. Mas, mesmo que avance na comissão, o resultado no plenário se torna cada vez mais incerto. Isso porque mais do que o governo precisar de 172 votos para garantir a vitória, a oposição necessita de 342 votos — equivalentes a dois terços dos 513 parlamentares — para enviar o impeachment ao Senado. Dilma deverá apresentar a defesa amanhã.
O PP, cuja maioria na comissão vota a favor do impeachment, deve ganhar mais espaço no governo. Gilberto Occhi é cotado para assumir a vice-presidência da Caixa. Em seu lugar entraria o suplente, deputado Cacá Leão (BA), que também é do PP. O Ministério da Saúde, ocupado por Marcelo Castro (PMDB-PI), que resiste em sair do cargo, deve ficar disponível e entregue à legenda. O PR ficaria com ao menos dois ministérios, um deles o dos Transportes.
As negociações, porém, já parecem dar sinais de efetividade. O nanico PTN será um dos contemplados pela chamada “repactuação”. A legenda ficará com a pasta do Turismo, desocupada por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ou com a do Esporte. Há apenas um parlamentar titular do partido na comissão, mas a bancada toda tem 13 deputados. Nessa recomposição, o PTN forma bloco com PEN e o PROS, que também acabam agraciados com cargos, inclusive, no ministério a ser definido. Além disso, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) passou a ser comandada por Márcio Endles Lima, indicação do PTN, após ser exonerado Henrique de Carvalho Pires, ligado ao vice-presidente Michel Temer.
Apesar do rompimento oficial com o governo, os oito deputados que representam o PMDB na comissão especial estão divididos. Leonardo Picciani (RJ), líder da bancada, Valtenir Pereira (MT) e Washington Reis (RJ) votam contra o impeachment. Outros quatro são favoráveis ao impedimento, e João Marcelo Souza (MA), indefinido.