João Valadares e Marcella Fernandes
Brasília — A tropa de choque do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), intensificou a estratégia para protelar o andamento do processo que pode culminar, no Conselho de Ética, no pedido de cassação do seu mandato. O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, um dos principais aliados de Cunha, afirmou que pedirá vista, durante sessão do colegiado, amanhã, quando será lido o parecer pela admissibilidade do processo. Assim, a votação deve ser levada para a próxima semana.
Ontem, os advogados de Eduardo Cunha adiaram pela segunda vez a entrega da defesa do parlamentar, acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina do esquema de corrupção da Petrobras em contas secretas na Suíça. Os advogados vão apresentar na sessão do Conselho de Ética representação pedindo a anulação do parecer do relator Fausto Pinato (PRB-SP). A possibilidade de ele recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi praticamente descartada. A argumentação é de que houve precipitação na apresentação do relatório o que teria ocasionado o cerceamento de defesa.
Aliados de Cunha também apostam numa possível falta de quórum, já que a sessão foi marcada para quinta-feira, dia de pouco movimento na Casa. Outra estratégia regimental é o próprio presidente da Câmara antecipar a ordem do dia para que a sessão do Conselho de Ética seja interrompida.
Na tarde de ontem, o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), elogiou o trabalho de Pinato e ironizou as manobras protelatórias. “Eu tenho paciência. Sou muito paciente.” Ele declarou que, em nenhum momento, houve cerceamento do direito de defesa. “A opinião é de cada um. Eu bato palmas para o relator. Fez o que devia fazer. Não estamos preocupados com o que pensa o representado. Temos que seguir o regimento da Casa. Temos que seguir o que é correto e a lei”, afirmou. Cunha se encontrou com o advogado dele, Marcelo Nobre, à noite, para definir ajustes no texto de defesa que vai apresentar.