Funai sem general
Após repercutir negativamente a indicação do general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, correu para negar que ele será nomeado para a pasta. Convidado pelo PSC, Peternelli homenageou, em março, o golpe militar de 1964 nas redes sociais. “Não há nenhum óbice ou veto ao nome que foi indicado pelo PSC, mas não será ele o presidente da Funai porque estamos em negociação com outro tipo de perfil. Estamos procurando um perfil que tenha um histórico de diálogo com as comunidades”, disse o ministro.
Antártica em risco
O Programa Antártico está parando. A informação é do diretor científico do Centro Polar e Climático do Instituto de Geociência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), representante da Academia Brasileira de Ciências, professor Jefferson Simões, em depoimento na audiência pública da Câmara dos Deputados que explicitou a importância do Programa Antártico Brasileiro e as pesquisas ora em desenvolvimento, reunião em parte dirigida pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) da Frente Parlamentar Mista de Defesa do Proantar. “A gente consegue até sobreviver com laboratórios em parcas condições, mas, pelo amor de Deus, cortar bolsas de recém-doutores, cortar bolsas de doutorados?”, indagou Simões.
Se nada for feito
Segundo o cientista Jefferson Simões, ainda há recursos do Orçamento de 2013 para serem liberados. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (FNDCT) foi contingenciado, o CNPq não tem recursos financeiros para fazer novo edital e não existem novas bolsas para mestrado, doutorado e pós-doutorado. Consequência imediata: 50% da equipe está desmobilizada, a Operação Antártica está reduzida; o pessoal não tem dinheiro nem para passagem. “Para 2017 se nada for feito, nós paramos”, conclui o professor.
Precisão nas vírgulas
Dotado de cultura e memória excepcionais, o ex-governador de Minas Rondon Pacheco, falecido na última segunda-feira, impressionava os interlocutores. Quando vinha de Uberlândia a Belo Horizonte, costumava reunir-se com o seu advogado e amigo, o jurista João Batista de Oliveira. Certa vez, ao comentar sobre a obra de Shakespeare, passou a recitar no original, trechos The Tragedie of Julius Caesar. Impressionado, João Batista interrompeu-o: “Não, espera aí que vou conferir”. Buscou a edição, encontrou o trecho e passou a acompanhar.
O peso do tempo
Com 18 pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, partidos que não encabeçam chapa estão com a cotação tão mais alta quanto maior a própria bancada federal. Principal porta-voz do chamado G4 — formado pelo PP, PTB, PPS e DEM –, o ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro (PP) nada de braçada. Com 38 deputados federais eleitos, o PP tem a oferecer, com quem coligar, 1 minuto e 20 segundos na distribuição do tempo do horário eleitoral gratuito e 2 minutos e 47 segundos em inserções diárias. O PTB, com 25 deputados, terá 50 segundos do horário eleitoral e 1 minuto e 40 segundos em inserções diárias. DEM e PPS, ficarão, respectivamente com 42 segundos e 20 segundos do horário eleitoral e 1 minuto e 24 segundos e 40 segundos em inserções.
Voo ao solo
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), réu em processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por incitação ao crime de estupro, deu mais um voo em sua carreira calcada na verborragia também em apologia à tortura — contra ele repousam, na Procuradoria-Geral da República (PGR), mais de 20 mil representações. Do alto de uma Kombi, discursava em minicomício para meia centena de pessoas na orla carioca, na sexta-feira passada. Entusiasmou-se e, imitando o colega de bancada Silas Malafaia, que em culto no ano passado lançou-se sobre fieis que o carregaram, Bolsonaro tomou fôlego e fez o mosh, salto popular entre os astros de rock. Só que não encontrou a mesma solidariedade da plateia de Malafaia. Os “bolsominions” abriram um vão, e Bolsanoro deu com a carão no chão. Caiu na rede. Viralizou.
BR EM DISPUTA
A BR-251, uma das rodovias federais mais movimentadas e perigosas de Minas Gerais, virou objeto de disputa entre os deputados federais José Silva (SD) e Raquel Muniz (PSD). Primeiro, Raquel anunciou uma campanha pró-duplicação da estrada, que liga Montes Claros à BR-116 (Rio-Bahia) e tem tráfego pesado de caminhões e carretas. Agora, José Silva divulgou que está empenhado em um projeto para “readequação” da BR-251, prevendo alargamento de pista e correções nos pontos mais perigosos. Ele promete mobilização da bancada mineira no Congresso para aprovação de recursos para o projeto, orçado em R$ 1 bilhão pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais está fiscalizando o teor dos cartazes que são exibidos pelos manifestantes no plenário e outras dependências da Casa. Na terça-feira, para participar da reunião que votou a reforma administrativa, os integrantes de órgãos que se sentem atingidos pelo projeto tiveram de passar por uma triagem na portaria e mostrar aos policiais legislativos as faixas e cartazes que levavam.
O problema é que todas as sessões são exibidas na TV Assembleia. Pela regra da Casa, é proibida a exibição ou afixação de cartazes que visem “caluniar, difamar ou injuriar pessoas, bem como atingir órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública”.
O horário de verão corre o risco de acabar em Minas Gerais. O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) trabalha para conseguir assinaturas para levar ao plenário um projeto de resolução de sua autoria que determina a realização de um plebiscito. A consulta é para decidir sobre a permanência ou não da medida, que consiste em adiantar em uma hora o relógio.
O texto passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e teve parecer do deputado Leonídio Bouças (PMDB) pela inconstitucionalidade aprovado. Mas o deputado Alencar da Silveira, que creditou a decisão a falta de informação sobre o texto, vai recorrer para derrubar o parecer em plenário. “Quem tem que dizer se quer ou não o horário de verão é a população.”