BRASÍLIA – Com a anuência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputados da bancada religiosa interromperam a votação de um dos itens da reforma política para protestar contra o que chamaram de “cenas blasfemas” praticadas durante a 19ª Parada Gay de São Paulo, no último final de semana.
Empunhando cartazes com imagens da Parada Gay e de manifestações conhecidas como ‘Marcha das Vadias’ e ‘Marcha da Maconha’, os parlamentares se enfileiraram atrás da Mesa Diretora presidida por Cunha, que é membro da Assembleia de Deus em Madureira, gritaram por diversas vezes a palavra “respeito” e rezaram em coro o “Pai Nosso”.
O alvo dos parlamentares da bancada religiosa foi um ato realizado na Parada Gay, na qual, sob os dizeres “basta de homofobia GLBT”, uma transexual encenou estar sendo crucificada. Nesta quarta, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que ficou conhecido por ter proposto no início desta semana um projeto que torna crime hediondo o que o deputado chama de “cristofobia” (ultraje, impedimento ou perturbação de cultos religiosos), disse que o “País assistiu cenas blasfemas”.
“Alguns manifestantes, ao fazer atos blasfemos de intolerância religiosa, colocam o que existe de mais sagrado – a família – numa situação difícil”. Já o deputado João Campos (PSDB-GO), quem em 2013 ficou famoso ao encampar o projeto da “cura gay”, disse nesta noite que os “ativistas LGBT cometeram crime de profanação contra o símbolo religioso”.
Reação. O deputado Roberto Freire (SP), que é presidente do PPS, reagiu à manifestação religiosa ocorrida no Plenário da Câmara e destacou a laicidade do Estado. “Nós vivemos em uma República laica e não (se) pode transformar esse Plenário – até para respeitar quem não tem profissão de fé religiosa – numa igreja. Não pode ter aqui nenhuma reza”, protestou, quando foi fortemente vaiado por outros deputados. “Respeitem a república laica brasileira”, concluiu. A votação foi retomada na sequência.