Nesta quarta-feira, colegiado terá encontro com consultores legislativos para triar pedidos protocolados até agora
Com a ausência do relator Jovair Arantes (PTB-GO), o presidente da Comissão Especial do impeachment, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) decidiu fazer apenas uma reunião administrativa nesta quarta-feira, 23, com consultores legislativos. O objetivo é triar os 65 requerimentos protocolados até agora.
Em seu plano de trabalho, o relator propôs que a comissão deve se ater agora à oitiva dos autores do pedido de impeachment e do procurador do Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira. Jovair sugeriu que a comissão se concentrasse na discussão técnica das chamadas “pedaladas fiscais” e se mostrou contrário a chamar convidados que façam debatepolítico em defesa do impeachment na comissão.
Há convites para que sejam chamados os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), o ministro Jaques Wagner, ex-ministros de Estado e presidentes e ex-presidentes de bancos públicos. Nesta quinta-feira, 24, o relator não participará da reunião devido a problemas de saúde de sua filha.
Recuo. Diante da pressão dos aliados do governo, a oposição recuou no discurso de defender a inclusão da delação premiada de Delcídio aos autos. “Demos uma segurada para não cair na armadilha da judicialização”, afirmou o líder da oposição no Congresso, deputado Mendonça Filho (DEM-PE).
Durante toda a sessão, a cúpula da comissão deixou clara a preocupação com as ameaças de ações judiciais contra a condução do processo de impeachment. Mais cedo, Rosso disse que prima pela segurança jurídica dos trabalhos e que gostaria de evitar questionamentos futuros na Justiça.
A oposição acredita que a judicialização é uma forma de protelar o andamento dos trabalhos, mas aposta que não há força jurídica capaz de impedir o impeachment. “Ou eles colocam os 172 (votos contra o afastamento) ou ela será impedida”, concluiu Mendonça.
Plenário. Líderes partidários dão como certo a votação do impeachment de Dilma Rousseff em sessão no plenário a ser realizada num domingo, ainda sem data marcada. Se não houver ações judiciais, o impeachment pode ser votado no plenário em meados de abril.
Deputados relataram que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está irredutível sobre votar o afastamento da petista num fim de semana, de modo a estimular a presença maciça de manifestantes no gramado do Congresso Nacional para pressionar os deputados. Os oposicionistas aprovam a ideia. “Vai ser uma data histórica”, disse Mendonça.
Nos bastidores, parlamentares governistas falam em faltar à sessão de votação do impeachment. Os deputados argumentam que, diante da pressão da transmissão em rede nacional e dos protestos de rua, seria difícil expor seu voto no microfone. Em ano de eleição municipal, eles não querem desagradar o eleitorado e já buscam desculpas para não estar em Brasília no dia da votação. / COLABOROU IGOR GADELHA
Daiene Cardoso – O Estado de S.Paulo