Estadão.com.br | Política: BR Coordenador de grupo pró-impeachment diz que oposição chegou a 342 votos

Para Mendonça Filho (DEM-PE), oposição ainda precisa de ‘margem de segurança’; 342 é o número de votos necessários para aprovar processo contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara BRASÍLIA – No dia seguinte da aprovação do relatório favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial da Câmara, o coordenador do Comitê Pró-Impeachment, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), disse nesta terça-feira, 12, que a oposição chegou aos 342 votos contra o governo, mas precisa formar uma “margem de segurança” e fazer frente às investidas dos governistas sobre os parlamentares.

Para que o impeachment seja aprovado no plenário da Câmara, são necessários pelo menos 342 votos, ou dois terços (66,6%) dos 513 deputados. “Temos 342 votos, mas não temos gordura para queimar, precisamos de margem de segurança porque o governo está agindo para comprar deputados, oferecer vantagens, barganhar cargos”, afirmou Mendonça, para quem a derrota do governo na comissão foi “acachapante”. O relatório foi aprovado por 38 votos a 27.

Os governistas sustentam a tese de que, como a oposição não alcançou dois terços dos 65 votos na comissão, não chegará ao mínimo necessário para aprovar o impeachment na votação em plenário, prevista para domingo, 17. Mendonça rebate o raciocínio: “O PMDB na comissão, por exemplo, estava dividido meio a meio. No plenário, pelo menos 80% dos deputados são a favor do impeachment. A composição da comissão era adversa para a oposição”. Oito peemedebistas integram a comissão especial e eram contabilizados quatro votos a favor e quatro conta o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO). No entanto, o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), apontado como voto a favor do governo, ficou doente e faltou à votação. Em seu lugar, votou suplente Laudívio Carvalho (SD-MG), defensor do impeachment. O placar no PMDB ficou então em cinco votos a favor e três contra o relatório.

Mendonça comemorou a divisão dos partidos do chamado “centrão”, aposta do governo para barrar o impeachment, formado por PP, PSD e PR. O líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), deixou o cargo por discordar da orientação contrária ao impeachment. Na comissão, PSD e PP se dividiram. O líder do PSD e presidente da comissão especial, Rogério Rosso (DF), votou a favor do relatório pelo impeachment. “O PR era o partido mais monolítico pré-governo. Quando você tem o anúncio do líder de que vai voltar pelo impeachment, é um fato políticoextraordinário”, afirmou Mendonça.

Na guerra dos números, o deputado petista Henrique Fontana (RS) contesta as contas da oposição e diz que os votos a favor do impeachment não chegarão a 300, no próximo domingo. “Basta fazer uma conta simples, regra de três. Eles não chegaram a dois terços na comissão, não chegarão a dois terços no plenário da Câmara”, sustentou.

Henrique Fontana disse que a oposição tenta “organizar eleição indireta” para presidente e atacou o vice-presidente Michel Temer pelo vazamento de um pronunciamento em que ele comentava uma possível aprovação do impeachment no plenário da Câmara. “O vice-presidente Michel Temer é conspirador e desleal. Imagino que os brasileiros não queiram ser governados com uma pessoa com esse perfil”, afirmou.

Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo

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