O jogo ainda segue indefinido: nem o Planalto pode respirar aliviado nem oposição cantar vitória Apesar do cenário desfavorável ao governo, o placar desta segunda-feira (11), de vitória da oposição por 58,46% dos votos (38 a 27), não pode ser automaticamente transposto para o Plenário. O jogo ainda segue indefinido: nem o Planalto pode respirar aliviado nem oposição cantar vitória. Na Comissão Especial do Impeachment, a aprovação do relatório favorável ao prosseguimento do processo de impeachment se dá por maioria simples. No Plenário da Câmara, a quem cabe a palavra final sobre a autorização para processar a presidente no Senado, é preciso que a oposição conquiste maioria qualificada, ou seja, dois terços dos votos, o que equivale a 342 apoiadores.
Embora tente dizer que está tranquilo com a votação no Plenário, onde diz contar com 200 votos, o governo dá sinais de que está preocupado com a sessão prevista para o fim de semana. Governistas têm questionado a fala do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que diz que decidirá na hora a ordem da votação. O governo teme por um início pelas bancadas do Sul, de maioria oposicionista, por acreditar que isso pressionará os indecisos a acompanhar uma eventual maioria a favor do impeachment.
O deputado Weverton Rocha (PDT-MA) levou tal questionamento ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas teve pedido de liminar negado pelo ministro Edson Fachin. O deputado pedia que a Corte definisse a ordem de votação: começando do Norte para o Sul; intercalando bancadas do Norte com Sul; ou por ordem alfabética, como foi no processo do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Tudo para evitar que as bancadas do Norte e Nordeste supostamente mais governistas ficassem por último e se sentissem pressionadas a votar pelo impeachment impulsionadas pelos votos precedentes dos parlamentares das demais regiões, anti-governo.
A vitória da oposição se deu com 10 lideranças partidárias orientando suas bancadas para votar pela aprovação do relatório de Jovair Arantes (PTB-GO). Outros 9 líderes recomenderam a rejeição do relatório e 5 partidos liberaram os deputados para votarem como quisessem. PP, PMDB, que são partidos importantes da base, liberaram seus deputados. Já o PR e o PSD,partidos com os quais o governo conta para derrubar o impeachment no Plenário, orientaram as bancadas a rejeitar o impeachment. Apesar der ser do PSD, o presidente da comissão, Rogério Rosso, votou pela aprovação do relatório. Já Maurício Quintella Lessa deixou a liderança do PR para não descumprir a recomendação de seu partido. Quintella, que é favorável ao impeachment, não compareceu à sessão para votar.
TALITA FERNANDES