Líderes de bancadas de partidos foram consultados, em reunião com Dilma, sobre a aceitação do parlamento à regulamentação do setor
Raphael Veleda, do Metro Brasília noticias@band.com.br
A solução para os problemas de caixa do governo pode estar na regulamentação dos jogos de azar no país – atualmente proibidos. A ideia foi discutida em reunião entre líderes de partidos da base aliada na Câmara e a equipe da presidente Dilma Rousseff, que teria se mostrado favorável. Ela citou o fato de brasileiros já jogarem em sites estrangeiros, sem que o Brasil arrecade nada com isso.
A regulamentação de bingos, cassinos e jogos de azar em geral surgiu na conversa quando o grupo discutia fontes alternativas de receita, após os parlamentares terem dito a Dilma que a resistência à recriação da CPMF continua grande no Congresso.
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, teria trazido o assunto à tona, segundo relato dos presentes.
O objetivo seria testar a receptividade das bancadas.
Receptividade
“Foi uma consulta conceitual, não há uma proposta fechada”, conta o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF). “Foi lembrado que projetos com esse objetivo tramitam no Congresso há várias legislaturas, mas acabam rejeitados, quase sempre por falta de acordos mais bem costurados”, afirma ainda o parlamentar.
A ideia foi bem recebida, de modo geral, mas o líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), alertou os presentes sobre a resistência da bancada religiosa na Câmara, que deve ser grande.
Até R$ 20 bilhões
Os presentes no encontro lembraram que a regulamentação pode vir de um Projeto de Lei do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que já tramita no Congresso.
No texto, o parlamentar sugere a liberação de apostas na internet, em cassinos e bingos e até a exploração do jogo do bicho em todo o país.
A arrecadação anual prevista pelo projeto gira entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões; mais da metade dos R$ 32 bilhões que o governo planeja arrecadar por ano com a recriação da CPMF.
Cunha ironiza
Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de a liberação dos jogos de azar passar na Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ver boas chances, mas não perdeu a chance de ironizar. “Um país que depende de jogo de azar para pagar as contas é a mesma coisa de um trabalhador que não tem salário ir ao cassino para poder pagar a despesa”, disse.
Histórico
A legalização dos bingos como forma de arrecadação chegou a ser pretendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro mandato, mas a ideia foi abandonada após o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz se envolver em um escândalo ao cobrar propina do bicheiro Carlinhos Cachoeira.