A Lei 12.619/2012, que visa regulamentar a jornada de trabalho dos motoristas do transporte rodoviário de cargas e de passageiros, está afetando a avicultura e agricultura na região Sul do país. Para evitar mais prejuízos, deputados federais se reuniram com a ministra Ideli Salvatti para pedir a suspensão da aplicabilidade da lei por 240 dias.
Desde que a regra entrou em vigor, os caminhoneiros têm feito protestos. A categoria alega que, além de reduzir os ganhos financeiros, as estradas do país não têm estrutura suficiente onde se possa parar os veículos com segurança e fazer um intervalo de 30 minutos a cada quatro horas, como exige a nova legislação.
Insatisfeitos os motoristas já fizeram várias paralisações em todo o país e ameaçam entrar em greve nos próximos dias. Se isso acontecer, prejudicará, entre outros, o transporte de milho da região Centro-Oeste para o Sul do país, que já está sem o cereal, base alimentar de aves e suínos. “Antes da lei dos caminhoneiros entrar em vigor, o custo do frete do Mato Grosso para Santa Catarina era de R$ 12,38 por saca de milho, hoje o valor está em R$ 14,10. Fora o preço do próprio grão, que é de mais ou menos R$ 21,00 a saca. Se os caminhoneiros pararem, mesmo que se arque com o alto custo do transporte, como é que o milho vai chegar em Santa Catarina?”, questiona o deputado Jorge Boeira (PSD).
A ministra Ideli Salvatti prometeu levar o pedido dos deputados para a Casa Civil e tentar suspender a lei, até mesmo para que o governo viabilize as estruturas necessárias ao longo das rodovias para que os caminhoneiros possam descansar. Na próxima semana devem começar as negociações para um acordo definitivo para a aplicação das medidas impostas pelo Governo.
O milho estocado no Mato Grosso e Goiás estão em armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), conforme o presidente do órgão, Rubens Rodrigues, a Companhia usa hoje quatro mil caminhões para fazer o transporte do milho para o país, mas a demanda para a distribuição é de 13 mil veículos. Sem os carros necessários, o produto acaba faltando em algumas regiões.
Se o governo conseguir negociar com os caminhoneiros e a categoria não entrar em greve, a expectativa é que nos próximos dias 30 mil toneladas de milho cheguem a Santa Catarina. Nesta quinta-feira,06, a Conab vai contratar os serviços de transporte para remoção de quase 120 mil toneladas do grão do Mato Grosso e de Goiás para diversos estados. O milho estocado no Mato grosso sairá da origem custando R$ 19,60 a saca e deve chegar à Santa Catarina a cerca de R$ 34,00. Já o proveniente de Goiás, custa R$ 25,30 no estado e chega aos produtores catarinenses valendo mais de R$ 40,00. “Com frete caro, o milho fica caro e aumenta o custo de produção de aves e suínos. O reflexo disso se dá no bolso do consumidor, que paga a mais pela carne. Para tentar reduzir estes gastos, estamos propondo para a Conab a implantação de uma unidade de armazenamento de milho no Sul do Estado. Eu mesmo farei indicação de uma emenda para esta finalidade”, adiantou Boeira.
Jane Santin
Assessora de imprensa do dep. Jorge Boeira