Temer define Aloysio Nunes (SP) para representar Planalto na Casa e reforça ainda mais o vínculo do PSDB com o governo federal
Isabela Bonfim e Igor Gadelha
O presidente em exercício Michel Temer buscou ontem ampliar o apoio de sua base aliada no Congresso Nacional após perder dois ministros flagrados em áudios que demonstravam interesse em frear a Operação Lava Jato e ver crescer as articulações do PT sobresenadores para votar contra o impeachment.
No primeiro movimento, logo de manhã, indicou para líder do governo no Senado o tucano Aloysio Nunes (SP). O objetivo da nomeação foi amarrar o PSDB à base aliada. Na leitura dos tucanos, a indicação reforça os laços de Temer com o partido, que passa a ser, efetivamente, parte do governo.
âAloysio aceitou essa convocação com o primeiro objetivo de aproximar o governo Michel Temer da agenda proposta pelo PSDB, que passa por reformas estruturantes extremamente profundasâ, disse o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).
Aécio minimizou as crises do governo Temer e afirmou que o PSDB “não espera facilidades” e que o partido recebeu um “convite para se unir contra as dificuldades criadas pelo PT”.
Antes da escolha de Aloysio Nunes, entretanto, Temer buscou nomes de outras legendas, como a senadora Ana Amélia (PP-RS), que recusou o convite. Simone Tebet (PMDB-MS) também foi sondada.
Com tom agressivo, Aloysio publicou um vídeo em suas redes sociais confirmando que aceitou o convite para travar a batalha pelo impeachment de Dilma. âNão quero que Dilma volte.Não quero que o PT volte. Para que possamos evitar esse grande mal, precisamos nos esforçar muitoâ, disse no vídeo.
A presidente afastada Dilma Rousseff tem investido na negociação com senadoresindecisos sobre seu afastamento definitivo, cuja votação deve ocorrer em 2 de agosto.
Já em seu primeiro discurso como líder no Senado, Aloysio foi mais ameno e evitou críticas à oposição. Ele afirmou seu compromisso com a Lava Jato e minimizou tentativas de parar a investigação. Apesar dessa fala recorrente, o senador é investigado no Supremo Tribunal Superior em um inquérito que foi aberto após delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa. A investigação apura caixa 2 de campanha eleitoral. Ele nega envolvimento.
‘Otimismo’. Em outro movimento,Temer se deslocou até a residência do líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), para uma reunião com lideranças da base na Câmara. Ali, pediu empenho na defesa de seu governo no Congresso Nacional. O peemedebista orientou as lideranças a ressaltarem nessa defesa a “herança maldita” que sua administração diz ter recebido dos governos do PT.
Temer passou uma mensagem) de otimismo, de continuar nessa batida, de mostrar de forma clara no debate no Congresso Nacional que somos um governo de 20 dias, afirmou o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, presente no encontro.
Geddel afirmou que a base aliada precisa reforçar em discursos os R$ 170 bilhões de déficit nas contas públicas, inflação de dois dígitos e desemprego de quase 12 milhões de pessoas.
Temer também pediu aos líderes aliados a aprovação das medidas econômicas que pretende enviar ao Congresso como forma de demonstração da força do governo, mesmo com possíveis âcontratemposâ que possam surgir. Em especial, nesta semana, pediu apoio à prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), mecanismo que desobriga entes federados a gastar um porcentual com educação e saúde. / COLABOROU TÂNIA MONTEIRO
‘Contribuição’
“Aceitei ser líder do governo no Senado, que é o lugar onde vai se dar a batalha pelo afastamento definitivo da presidente, para que eu possa contribuir com o bom desfecho desse processo. Não quero que Dilma volte”
Aloysio Nunes (PSDB-SP)
LÍDER DO GOVERNO NO SENADO